ALEMANHA, FRANÇA, ESTADOS UNIDOS. A PEDAGOGIA DE SÍLVIO ROMERO DIANTE DO ESPELHO
Ao lado de Tobias Barreto, Sílvio Romero constituiu o núcleo do pensamento da chamada Escola do Recife . Ele também balizou o movimento que se consolidou na segunda metade do século XIX na Faculdade de Direito pernambucana, movimento articulador de um amplo debate livre de idéias no Brasil, e ajudou a abrir o pensamento brasileiro para correntes filosóficas que tinham pouca penetração no país.
A defesa de idéias materialistas cimentou o pensamento de Sílvio Romero e do grupo que com ele assumiu posições políticas anticlericais – uma espécie de “missionários” da ciência. A fase da vida brasileira que Romero ajudou a inaugurar tinha o espírito crítico como seiva. A visão de modernidade que buscou consolidar tinha como propósito a eliminação do que se afirmava à época ser o dogmatismo do passado, posto que fundado numa concepção metafísica de homem e de mundo. O objeto de tal crítica era fundamentalmente o domínio moral e religioso da Igreja ao qual se comparava o que ele via como as fórmulas políticas que as elites concebiam para exercer o domínio sobre a população brasileira. A única possibilidade de libertação estava no livre exercício das idéias.
Sílvio Romero faria dos estudos de Psicologia Social e da própria Sociologia a sua preocupação mais ardente. Do ponto de vista político, tinha uma percepção segundo a qual não seria possível estabelecer limites a um princípio que se identificava com a sua maneira de ser – a sua sede de justiça social, a sua faculdade de opinar sem restrições, a sua incontinência verbal. E iria, neste campo, até o limite das possibilidades da sua visão política ao considerar legítimo o direito de sublevação das massas.
Nos seus primeiros estudos culturalistas, Sílvio Romero realça o valor do papel dos negros e da mestiçagem brasileira das raças e das idéias. A posição defendida por Sílvio Romero mudou bastante durante todo o processo de propaganda republicana e, sob o ponto de vista da interpretação da cultura nacional brasileira, ultrapassou os limites do pensamento positivista.
Antônio Cândido aponta que desde cedo Sílvio Romero pareceu aos seus contemporâneos muito contraditório, muito injusto e recebeu a acusação de ser mais apto a fazer generalizações do que críticas. E traçou um perfil das contradições do polêmico pensador: “primeiro foi positivista e depois atacou desabridamente o positivismo; na política de Sergipe desancou um lado e depois se ligou a ele; considerou Luís Delfino um poetastro e, em seguida, um dos maiores poetas brasileiros; proclamou Capistrano de Abreu o maior sabedor de História do Brasil e, mais tarde, um medíocre catador de minúcias; era evolucionista agnóstico e afinal aderiu à Escola da Ciência Social, de raízes católicas, e assim por diante. Não é difícil mostrar como fazia e refazia as suas divisões de períodos, os seus catálogos de bons e maus escritores” . Antônio Cândido chama a atenção para algumas obsessões intelectuais que estiveram presentes ao longo da vida de Sílvio como a sua manifesta e incompreensível má vontade em face da obra de Machado de Assis. Sílvio Romero retrata com perfeição a imagem nervosa que o Brasil do seu tempo possuía.
Sílvio Romero dedicou-se ao longo da vida a construir uma crítica científica e objetiva que teve como base o espírito que fez expandir as ciências da natureza durante o século XIX. Ele pregava a luta contra as oligarquias, mas desconfiava profundamente da capacidade política do povo. Interessado e sem esconder suas simpatias pelo socialismo, Sílvio Romero via essa proposta como inviável para a sociedade brasileira e influenciou claramente posições bem distintas na cultura brasileira, como as de Otávio Brandão, Oliveira Viana, Mário de Andrade e Gilberto Freyre. Dentro do quadro das suas contradições, Romero construiu o seu “racismo” antropológico apontando para uma igualdade racial que deveria levar à universalização dos direitos e que desprezava as elites que tentavam se apresentar como sendo raça superior. Para ele a sociedade brasileira encontraria o seu “ethos” exatamente na equalização de todas as raças.
Suas análises são a expressão de uma visão teórica nova, fundada sobre a ciência e a filosofia do seu tempo. Na História da Literatura Brasileira – a sua obra mais importante –atenua a influência que o ambiente físico exerce sobre a configuração da sociedade brasileira, traz à discussão fatores biológicos e põe em primeiro plano os problemas de natureza social e psíquicos.
Republicano e partidário do federalismo, Sílvio foi, após a proclamação, um dos mais contundentes dentre os críticos do republicanismo brasileiro. Ele preferia o parlamentarismo ao presidencialismo adotado, como deixa bem claro no seu trabalho Realidade e Ilusões do Brasil. Parlamentarismo e presidencialismo e outros ensaios . Tendo defendido que a república unitária parlamentar devesse ser implantada através da intervenção dos militares, Sílvio Romero afirmava que temia a permanência destes no poder por muito tempo e não aceitava a ditadura republicana proposta pelo positivismo. No rol dos seus inúmeros equívocos há um outro que se soma à sua, já aqui citada, incapacidade de entender Machado de Assis: a forma como atacou a obra de Manoel Bonfim, sem entender a crítica que este fazia a teoria da desigualdade das raças e a busca que Bonfim empreendia das causas sociais do atraso dos povos latino-americanos.
Este texto remete, assim, a discussão sobre política educacional feita pelos culturalistas no Brasil do século XIX por entende-la como um importante instrumento para a reconstrução do quadro das idéias e da ação pedagógica nos anos 800.
Sílvio Romero buscou o caminho do magistério como alternativa profissional. Em 1875 prestou concurso para a cadeira de Filosofia no Colégio das Artes, anexo à Faculdade de Direito do Recife, então dirigida por Paula Batista. Anulado o concurso, a congregação convocou os cinco candidatos a novas provas, no ano seguinte. Em 1876 fez as provas do concurso outra vez, sendo classificado em segundo lugar. A cadeira coube ao candidato Antônio Luís de Melo Vieira. Sílvio Romero recorre ao Conde D’Eu, seu patrono junto à Princesa Isabel. No ano de 1880 Sílvio Romero submete-se a concurso para a cadeira de Filosofia no Imperial Colégio Pedro II. As provas foram anuladas. Fez novo concurso no mesmo ano, com mais sete candidatos, sendo classificado em primeiro lugar. O decreto imperial para a sua nomeação tem a data de 13 de maio. Atuou como professor do Colégio Pedro II durante 30 anos, aposentando-se em 1910. Também trabalhou como professor da cadeira de Filosofia na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Em 1913, por motivo de saúde, recusou o convite da Faculdade de Letras de Paris para ministrar um curso de etnografia brasileira.
Parte das reflexões que Sílvio Romero fez ao longo da sua vida teve como escopo a análise do ensino público no Brasil. Vários dos seus trabalhos que tiveram a educação como temática foram publicados na revista Lucros e perdas. A partir da sua cadeira no Colégio Pedro II, Sílvio Romero produziu uma série de reflexões acerca da educação brasileira do século XIX. Há vários indícios dessas reflexões nos arquivos do próprio Colégio Pedro II, a exemplo da monografia apresentada pelo professor Sílvio Romero durante o Congresso de Instrução Pública que aconteceu no Rio de Janeiro, em 1883. É um texto que nos permite compreender as bases do debate pedagógico que se travava no Brasil, durante o século XIX, sob a influência da Kultur alemã. As teses centrais dessa monografia estão sintetizadas no texto “Notas sobre o ensino público” . À sua maneira, Romero lutava contra o que dizia ser a mentalidade que chamava de reacionária e retrógrada do ensino brasileiro. Nesse período, Sílvio Romero privilegiou os estudos em educação a partir das questões de filosofia e do ensino secundário. Fez críticas ao fato de a escola brasileira haver reduzido o ensino de filosofia a uma só matéria – o ensino da lógica – e defendeu ardorosamente o ensino de disciplinas como psicologia, metafísica, ética, ontologia e história da filosofia. Também durante o período em que trabalhou para o jornal Diário de Notícias, do Rio de Janeiro, Sílvio Romero escreveu muitos artigos sobre o ensino público.
O blog EDUCAÇÃO E HISTÓRIA publica textos, informações, artigos científicos, divulgação de eventos e comentários a respeito dos campos da Educação e da História, com ênfase nos estudos sobre História da Educação, História da Cultura, História da Ciência e Política. O blog é coordenado pelo Prof. Dr. Jorge Carvalho do Nascimento (jorge@ufs.br), a partir do trabalho que realiza o Grupo de Pesquisa em História da Educação da Universidade Federal de Sergipe.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
I CONGRESSO IBEROAMERICANO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
I CIHEM
I CONGRESSO IBEROAMERICANO
DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
26 a 29 de maio de 2011
UBI - UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR – COVILHÃ
A realização do I Congresso Iberoamericano de História da Educação Matemática
atende à necessidade de aprofundar o intercâmbio entre pesquisadores e a produção de
conhecimento ligada à história da educação matemática na América Latina, em Portugal
e na Espanha, espelhando as diversas perspectivas e metodologias que têm vindo a ser
seguidas. O interesse pela temática tem crescido enormemente no âmbito da Educação
Matemática nesses diversos países. Comissões internacionais, revistas com números
especiais sobre o assunto, grupos de trabalho, de pesquisa e tantos outros indicadores
mostram o quanto se justifica um evento desta natureza.
PROGRAMA CIENTÍFICO
O programa científico inclui conferências e apresentação de comunicações
COMUNICAÇÕES
Envio de Comunicações
As comunicações, deverão ser trabalhos originais. As propostas de comunicação
deverão ser enviadas ao Comité Científico (e-mail: cihem@apm.pt). Os textos serão
submetidos a um processo de revisão anónimo realizado por dois especialistas.
Os revisores valorizarão de maneira especial: o quadro de referência teórica e a
bibliografía relacionada, a metodologia, descrição e discussão de resultados, clareza da
redacção e estrutura do trabalho, e a relevância do tema.
Calendário de Comunicações
Envio das propostas de comunicação até 31de janeiro de 2011.
A notificação da aceitação, com ou sem alterações, ou a não aceitação, realizar-se-á
logo que finalize o processo de revisão, durante o mês de março de 2011.
Os autores, se for caso, realizarão as alterações e enviarão a versão definitiva antes
de 15 de abril de 2011.
Guia para a preparação de Comunicações
A proposta de comunicação terá uma extensão máxima de 25.000 carateres com
espaços, incluindo referências, figuras e anexos.
Enviar o artigo escrito em formato MS Word. Normas: http://cihem.apm.pt
As referências seguirão as normas APA.
Edição de Actas
Está previsto que a edição das Actas seja entregue com a documentação do Encontro. É
necessário respeitar os prazos estabelecidos no Calendário para que seja possível a
edição das Actas na data prevista.
INSCRIÇÕES
Inscrições: http://cihem.apm.pt
Até 31 de março de 2011, 90€.
Depois de 31 de março de 2011, 140€.
ALOJAMENTOS
Hóteis com convénio com a Universidade.
CONTACTO
Portal: http://cihem.apm.pt
e-mail: cihem@apm.pt
Secretariado do
I Congresso Iberoamericano de História da Educação Matemática
Rua Dr. João Couto, n.º 27-A
1500-236 Lisboa PORTUGAL
Tel.: +351 21 716 36 90 / 21 711 03 77
Fax: +351 21 716 64 24
APOIOS
Associação de Professores de Matemática
Câmara Municipal da Covilhã
Unidade de Investigação Educação e Desenvolvimento
Universidade da Beira Interior
COMISSÃO CIENTÍFICA PROMOTORA
Adriana Mattos – UNESP, Rio Claro, Brasil
Alexander Maz Machado – U. de Córdoba, España
Ana Paula Aires – U. de Trás-os-Montes e Alto Douro,
Portugal
Ana Santiago – I. P. de Leiria, Portugal
André Mattedi Dias – UFBA, Brasil
Angel Ruiz, U. de Costa Rica, Costa Rica
António Domingos – U. Nova de Lisboa, Portugal
Antonio Miguel – UNICAMP, Brasil
Antonio Vicente Garnica – UNESP, Bauru, Brasil
Aparecida Rodrigues Silva Duarte – UNIVAS, MG,
Brasil
Bernardo Gomez – U. de Valencia, España
Carlos Roberto Vianna – UFPR, Brasil
Carlos Sánchez – U. de la Habana, Cuba
Cecília Costa — U. de Trás-os-Montes e Alto Douro,
Portugal
Cecília Fischer — UNISINOS, Brasil
Cecília Monteiro – I. P. de Lisboa, Portugal
Cláudia Flores – UFSC, Brasil
Dolores Carrillo – U. de Murcia, España
Eduardo Sebastiani Ferreira — UNICAMP, Brasil
Elfrida Ralha – U. do Minho, Portugal
Elisabete Burigo — UFRGS, Brasil
Gladys Denise Wielewski – UFMT, Brasil
Helena Henriques – I. P. do Porto, Portugal
Henrique Manuel Guimarães – U. de Lisboa, Portugal
Iran Abreu Mendes – UFRN, Brasil
Ivanete Batista dos Santos – UFS, Brasil
Jaime Carvalho e Silva – U. de Coimbra, Portugal
João Bosco Pitombeira de Carvalho – UFRJ, Brasil
José Manuel Matos — U. Nova de Lisboa, Portugal
Julio Mosquera – U. Nacional Abierta, Venezuela
Lucia Maria Aversa Villela – U. Severino Sombra, RJ,
Brasil
Luis Carlos Arboleda – U. del Valle, Colômbia
Luis Carlos Pais – UFMS, Brasil
Luís Rico Romero – U. de Granada, España
Manuel Saraiva – U. da Beira Interior, Portugal
Maria Célia Leme da Silva – UNIFESP, Brasil
Maria Cristina de Araújo Oliveira – UFJF, Brasil
Maria Laura Magalhães Gomes – UFMG, Brasil
Maria Teresa González Astudillo – U. de Salamanca,
España
Modesto Sierra – U. de Salamanca, España
Neuza Bertoni Pinto – PUC-PR, Brasil
Ricardo Cantoral — Cinvestav, México
Sérgio Nobre – UNESP, Rio Claro, Brasil
Ubiratan D’Ambrosio – UNIBAN, Brasil
Wagner Rodrigues Valente – UNIFESP, Brasil
I CIHEM
I CONGRESO IBEROAMERICANO
DE HISTÓRIA DE LA EDUCACIÓN MATEMÁTICA
26 a 29 de mayo de 2011
UBI - UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR – COVILHÃ
La realización del I Congreso Iberoamericano de Historia de la Educación Matemática
atiende a la necesidad de profundizar en el intercambio entre investigadores y en la
producción del conocimiento ligada a la historia de la educación matemática en
América Latina, en Portugal y en España, mostrando las diversas perspectivas y
metodologías que se han seguido hasta el momento. El interés por esta temática ha
crecido enormemente en el ámbito de la Educación Matemática en todos estos países.
Comisiones internacionales, revistas con números especiales sobre este asunto, grupos
de trabajo, de investigación y muchos otros indicadores justifican un evento de esta
naturaleza.
PROGRAMA CIENTÍFICO
El programa científico incluye conferencias y presentación de comunicaciónes.
COMUNICACIONES
Envío de Comunicaciones
Las Comunicaciones, deberán ser trabajos originales. Las propuestas de comunicaciones
deberán ser enviadas al Comité Científico (e-mail: cihem@apm.pt). Los trabajos serán
sometidos a un proceso de revisión anónimo realizado por dos especialistas.
Los revisores valorarán de manera especial: el marco teórico y la bibliografía
relacionada, la metodología, descripción y discusión de resultados, claridad de la
redacción y estructura del trabajo, y la relevancia del tema.
Calendario de Comunicaciones
Envio de las propuestas de comunicación hasta 31 de Enero de 2011.
La notificación de la aceptación, con modificaciones o rechazo, se realizará una vez
finalizado el proceso de arbitraje, durante el mes de Marzo de 2011.
Los autores, en su caso, realizarán las modificaciones y enviarán la versión
definitiva antes de 15 de Abril de 2011.
Guía para la preparación de Comunicaciones
La propuesta de comunicación tendrá una extensión máxima de 25 000 caracteres
con espacios, incluyendo referencias, figuras y apéndices.
Enviar el archivo escrito en formato MS Word. Plantilla: http://cihem.apm.pt
Las referencias seguiran las normas APA.
Edición de Actas
Está previsto que la edición de las Actas permita su entrega con la documentación del
Congreso. Es necesario respetar los plazos establecidos en el Calendario para que sea
posible la edición de Actas en la fecha prevista.
INSCRIPCIÓN
Inscripciones: http://cihem.apm.pt
Hasta el 31 de Marzo de 2011, 90€.
Después de 31 de Marzo de 2011, 140€.
ALOJAMIENTOS
Hoteles bajo convenio con la Universidad.
CONTACTO
Enlace: http://cihem.apm.pt
e-mail: cihem@apm.pt
Secretariado del
I Congreso Iberoamericano de História de la Educação Matemática
Rua Dr. João Couto, n.º 27-A
1500-236 Lisboa PORTUGAL
Tel.: +351 21 716 36 90 / 21 711 03 77
Fax: +351 21 716 64 24
APOYOS
Associação de Professores de Matemática
Câmara Municipal da Covilhã
Unidade de Investigação Educação e Desenvolvimento
Universidade da Beira Interior
COMISSIÓN CIENTÍFICA PROMOTORA
Adriana Mattos – UNESP, Rio Claro, Brasil
Alexander Maz Machado – U. de Córdoba, España
Ana Paula Aires – U. de Trás-os-Montes e Alto Douro,
Portugal
Ana Santiago – I. P. de Leiria, Portugal
André Mattedi Dias – UFBA, Brasil
Angel Ruiz, U. de Costa Rica, Costa Rica
António Domingos – U. Nova de Lisboa, Portugal
Antonio Miguel – UNICAMP, Brasil
Antonio Vicente Garnica – UNESP, Bauru, Brasil
Aparecida Rodrigues Silva Duarte – UNIVAS, MG,
Brasil
Bernardo Gomez – U. de Valencia, España
Carlos Roberto Vianna – UFPR, Brasil
Carlos Sánchez – U. de la Habana, Cuba
Cecília Costa — U. de Trás-os-Montes e Alto Douro,
Portugal
Cecília Fischer — UNISINOS, Brasil
Cecília Monteiro – I. P. de Lisboa, Portugal
Cláudia Flores – UFSC, Brasil
Dolores Carrillo – U. de Murcia, España
Eduardo Sebastiani Ferreira — UNICAMP, Brasil
Elfrida Ralha – U. do Minho, Portugal
Elisabete Burigo — UFRGS, Brasil
Gladys Denise Wielewski – UFMT, Brasil
Helena Henriques – I. P. do Porto, Portugal
Henrique Manuel Guimarães – U. de Lisboa, Portugal
Iran Abreu Mendes – UFRN, Brasil
Ivanete Batista dos Santos – UFS, Brasil
Jaime Carvalho e Silva – U. de Coimbra, Portugal
João Bosco Pitombeira de Carvalho – UFRJ, Brasil
José Manuel Matos — U. Nova de Lisboa, Portugal
Julio Mosquera – U. Nacional Abierta, Venezuela
Lucia Maria Aversa Villela – U. Severino Sombra, RJ,
Brasil
Luis Carlos Arboleda – U. del Valle, Colômbia
Luis Carlos Pais – UFMS, Brasil
Luís Rico Romero – U. de Granada, España
Manuel Saraiva – U. da Beira Interior, Portugal
Maria Célia Leme da Silva – UNIFESP, Brasil
Maria Cristina de Araújo Oliveira – UFJF, Brasil
Maria Laura Magalhães Gomes – UFMG, Brasil
Maria Teresa González Astudillo – U. de Salamanca,
España
Modesto Sierra – U. de Salamanca, España
Neuza Bertoni Pinto – PUC-PR, Brasil
Ricardo Cantoral — Cinvestav, México
Sérgio Nobre – UNESP, Rio Claro, Brasil
Ubiratan D’Ambrosio – UNIBAN, Brasil
Wagner Rodrigues Valente – UNIFESP, Brasil
I CONGRESSO IBEROAMERICANO
DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
26 a 29 de maio de 2011
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atende à necessidade de aprofundar o intercâmbio entre pesquisadores e a produção de
conhecimento ligada à história da educação matemática na América Latina, em Portugal
e na Espanha, espelhando as diversas perspectivas e metodologias que têm vindo a ser
seguidas. O interesse pela temática tem crescido enormemente no âmbito da Educação
Matemática nesses diversos países. Comissões internacionais, revistas com números
especiais sobre o assunto, grupos de trabalho, de pesquisa e tantos outros indicadores
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América Latina, en Portugal y en España, mostrando las diversas perspectivas y
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Los revisores valorarán de manera especial: el marco teórico y la bibliografía
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redacción y estructura del trabajo, y la relevancia del tema.
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José Manuel Matos — U. Nova de Lisboa, Portugal
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sábado, 5 de fevereiro de 2011
ALFREDO MONTES E O PRIMEIRO CONCURSO PARA A CADEIRA DE INGLÊS DO ATHENEU
Apesar de o Atheneu, instalado em 1871, haver realizado o seu primeiro concurso público para o cargo de Lente no ano de 1875, os dois professores que dele participaram e obtiveram aprovação já integravam a sua Congregação: Pedro Oliveira de Andrade, na Cadeira de Geometria, e José João de Araújo Lima, na Cadeira de História Universal. Em 1877, aconteceu pela primeira vez no Atheneu um concurso que admitiu ao cargo de Lente um professor que não pertencia ao seu corpo docente: Alfredo de Siqueira Montes, na Cadeira de Inglês.
Ascendino Ângelo dos Reis, Raphael Archanjo de Moura Mattos e Pedro Oliveira de Andrade integraram a banca examinadora, que decidiu por uma lista de dezessete pontos para que os candidatos pudessem elaborar, num prazo de quinze dias, a tese que, obrigatoriamente, deveria ser apresentada por cada candidato, nos termos definidos pelo Regimento que vigorou a partir do início do mesmo ano de 1877: 1º - Filiação da língua inglesa, suas afinidades e relação com outras línguas; 2º - Dialetos Ingleses; 3º - Índole da língua inglesa em relação à portuguesa, analogias e dessemelhanças; 4º - Estrutura e mecanismo da língua inglesa; 5º - A língua inglesa nos diferentes países de seu desenvolvimento; 6º - Artigos ingleses e seus empregos; 7º - Formas numéricas dos nomes ingleses; 8º - Formas genéricas dos nomes ingleses; 9º - Maneiras de indicar em inglês o complemento restritivo português; 10º - Comparativos e surperlativos ingleses, sua formação; 11º - Modos e tempos verbais, sua formação e seu valor; 12º - Conjugações verbais; 13º - Irregularidades dos verbos; 14º - Pronomes e adjetivos pronominais; 15º - Regência das palavras variáveis; 16º - Regências das palavras invariáveis; 17º - Inglês e inglês americano, suas literaturas e representantes.
A banca examinadora definiu também o ponto para a prova escrita: Versão de um trecho dos clássicos da língua portuguesa para a inglesa, extraído de qualquer obra adaptada pelo programa dos exames gerais, sendo por sorte tanto a obra como a página.
As provas do concurso foram realizadas durante dois dias consecutivos e tiveram início às dez horas do dia 22 de junho de 1877, no salão nobre da Assembléia Provincial, sob a presidência do diretor da Instrução Pública, Pelino de Carvalho Nobre. Além dos membros da banca examinadora, estavam presentes à sessão os Lentes Antônio Diniz Barretto, Tito Souto, Geminiano Paes Andrade e Brício Cardoso. Dos dois candidatos inscritos, o primeiro a defender a sua tese foi Hormecindo Leite de Mello, acadêmico do quinto ano da Escola de Medicina da Bahia. O seu concorrente era o professor Alfredo de Siqueira Montes, Chefe de Seção da Secretaria do Governo, que fez a sua defesa em seguida. Ambos os candidatos foram argüidos, durante cerca de 40 minutos cada um deles, pelo examinador Ascendino Ângelo dos Reis. Os examinadores Raphael Archanjo de Moura Mattos e Pedro Oliveira de Andrada optaram pela renúncia ao direito que tinham de argüir os candidatos, declarando-se contemplados com a argüição do professor Ascendino. Depois de haver sido suspensa a sessão durante 15 minutos, o professor Moura Mattos fez a leitura de um texto da Seleta a ser traduzido pelos candidatos, iniciando assim a prova escrita, que teve a duração de duas horas, seguida de um debate de 30 minutos, com cada candidato.
As provas do dia começaram pelas apresentações orais dos dois candidatos. O Regimento permitia que os candidatos se argüissem mutuamente, o que provocou um conflito entre ambos. Alfredo Montes acusou Hormecindo Mello de ser um pessoa sem modos e afirmou não estar disposto a tratar com alguém assim, recusando-se a arguí-lo e permanecendo calado quando foi argüido por este. A polêmica entre ambos serve para demonstrar o acirramento da competição pelo poder político presente nos concursos para a prestigiosa posição de Lente da Congregação do Atheneu. Hormecindo Mello, era estudante de medicina na Bahia, enquanto Alfredo Montes exercia já um cargo de muito prestígio na vida política sergipana: o de chefe de seção da Secretaria de Governo. A Congregação aprovou a este, mesmo tendo ele optado por permanecer em silêncio durante uma etapa das provas e ter o seu oponente respondido a todas as questões e apresentado as suas, conforme determinava o Regimento.
Alfredo Montes foi empossado no cargo de Lente do Atheneu no dia três de julho de 1877, apenas dez dias após o encerramento do concurso, numa solenidade que foi um ato político da maior repercussão e ao qual estiveram presentes o próprio presidente da Província, José Martins Fontes, e o diretor da Instrução Pública, Pelino Francisco de Carvalho Nobre, além de lentes, professores, intelectuais e políticos como Brício Cardoso, Raphael Archanjo de Moura Mattos, Ascendino Ângelo dos Reis, A. de S. Menezes, Pedro P. de Andrada, Geminiano Paes de Azevedo, Antonio Diniz Barreto, Oseas de Oliveira Cardoso, Jesuíno José Gomes, Manuel Francisco d’Oliveira, Severiano Cardoso, José M. Malhado de Araújo, Simião da Motta, Antonio José, Jason Valladão, Baltasar Viera de Melo, Feliciano Francisco da Rocha, José Honorino de Oliveira, Savino Roiz Cotias, Rodolfo Ramos Fontes, Manoel Mendes da Costa Filho, Manoel dos Passos de Oliveira Telles, Godofredo de Mello Barrêtto do Nascimento e Francisco de Paula Freire, dentre outros.
Alfredo Montes se transformou em um dos mais importantes dentre os lentes do Atheneu. Participou das comissões de exames finais de Inglês, Francês, Latim Português, Geografia e Filosofia e em 1882 foi eleito secretário da Congregação. Após a sua morte, em agosto de 1906, ele recebeu uma homenagem proposta pelos alunos Gentil Tavares da Motta, José da Rocha Teixeira, Paulo da Rocha Teixeira, Clarindo Diniz Gonçalves, Clodomir Silva e Martins de Camacho. Por sugestão desses estudantes, no dia 18 de maio de 1910 foi inaugurado um retrato seu no salão nobre do Atheneu, em solenidade que contou com a presença do presidente Rodrigues Dória.
Ascendino Ângelo dos Reis, Raphael Archanjo de Moura Mattos e Pedro Oliveira de Andrade integraram a banca examinadora, que decidiu por uma lista de dezessete pontos para que os candidatos pudessem elaborar, num prazo de quinze dias, a tese que, obrigatoriamente, deveria ser apresentada por cada candidato, nos termos definidos pelo Regimento que vigorou a partir do início do mesmo ano de 1877: 1º - Filiação da língua inglesa, suas afinidades e relação com outras línguas; 2º - Dialetos Ingleses; 3º - Índole da língua inglesa em relação à portuguesa, analogias e dessemelhanças; 4º - Estrutura e mecanismo da língua inglesa; 5º - A língua inglesa nos diferentes países de seu desenvolvimento; 6º - Artigos ingleses e seus empregos; 7º - Formas numéricas dos nomes ingleses; 8º - Formas genéricas dos nomes ingleses; 9º - Maneiras de indicar em inglês o complemento restritivo português; 10º - Comparativos e surperlativos ingleses, sua formação; 11º - Modos e tempos verbais, sua formação e seu valor; 12º - Conjugações verbais; 13º - Irregularidades dos verbos; 14º - Pronomes e adjetivos pronominais; 15º - Regência das palavras variáveis; 16º - Regências das palavras invariáveis; 17º - Inglês e inglês americano, suas literaturas e representantes.
A banca examinadora definiu também o ponto para a prova escrita: Versão de um trecho dos clássicos da língua portuguesa para a inglesa, extraído de qualquer obra adaptada pelo programa dos exames gerais, sendo por sorte tanto a obra como a página.
As provas do concurso foram realizadas durante dois dias consecutivos e tiveram início às dez horas do dia 22 de junho de 1877, no salão nobre da Assembléia Provincial, sob a presidência do diretor da Instrução Pública, Pelino de Carvalho Nobre. Além dos membros da banca examinadora, estavam presentes à sessão os Lentes Antônio Diniz Barretto, Tito Souto, Geminiano Paes Andrade e Brício Cardoso. Dos dois candidatos inscritos, o primeiro a defender a sua tese foi Hormecindo Leite de Mello, acadêmico do quinto ano da Escola de Medicina da Bahia. O seu concorrente era o professor Alfredo de Siqueira Montes, Chefe de Seção da Secretaria do Governo, que fez a sua defesa em seguida. Ambos os candidatos foram argüidos, durante cerca de 40 minutos cada um deles, pelo examinador Ascendino Ângelo dos Reis. Os examinadores Raphael Archanjo de Moura Mattos e Pedro Oliveira de Andrada optaram pela renúncia ao direito que tinham de argüir os candidatos, declarando-se contemplados com a argüição do professor Ascendino. Depois de haver sido suspensa a sessão durante 15 minutos, o professor Moura Mattos fez a leitura de um texto da Seleta a ser traduzido pelos candidatos, iniciando assim a prova escrita, que teve a duração de duas horas, seguida de um debate de 30 minutos, com cada candidato.
As provas do dia começaram pelas apresentações orais dos dois candidatos. O Regimento permitia que os candidatos se argüissem mutuamente, o que provocou um conflito entre ambos. Alfredo Montes acusou Hormecindo Mello de ser um pessoa sem modos e afirmou não estar disposto a tratar com alguém assim, recusando-se a arguí-lo e permanecendo calado quando foi argüido por este. A polêmica entre ambos serve para demonstrar o acirramento da competição pelo poder político presente nos concursos para a prestigiosa posição de Lente da Congregação do Atheneu. Hormecindo Mello, era estudante de medicina na Bahia, enquanto Alfredo Montes exercia já um cargo de muito prestígio na vida política sergipana: o de chefe de seção da Secretaria de Governo. A Congregação aprovou a este, mesmo tendo ele optado por permanecer em silêncio durante uma etapa das provas e ter o seu oponente respondido a todas as questões e apresentado as suas, conforme determinava o Regimento.
Alfredo Montes foi empossado no cargo de Lente do Atheneu no dia três de julho de 1877, apenas dez dias após o encerramento do concurso, numa solenidade que foi um ato político da maior repercussão e ao qual estiveram presentes o próprio presidente da Província, José Martins Fontes, e o diretor da Instrução Pública, Pelino Francisco de Carvalho Nobre, além de lentes, professores, intelectuais e políticos como Brício Cardoso, Raphael Archanjo de Moura Mattos, Ascendino Ângelo dos Reis, A. de S. Menezes, Pedro P. de Andrada, Geminiano Paes de Azevedo, Antonio Diniz Barreto, Oseas de Oliveira Cardoso, Jesuíno José Gomes, Manuel Francisco d’Oliveira, Severiano Cardoso, José M. Malhado de Araújo, Simião da Motta, Antonio José, Jason Valladão, Baltasar Viera de Melo, Feliciano Francisco da Rocha, José Honorino de Oliveira, Savino Roiz Cotias, Rodolfo Ramos Fontes, Manoel Mendes da Costa Filho, Manoel dos Passos de Oliveira Telles, Godofredo de Mello Barrêtto do Nascimento e Francisco de Paula Freire, dentre outros.
Alfredo Montes se transformou em um dos mais importantes dentre os lentes do Atheneu. Participou das comissões de exames finais de Inglês, Francês, Latim Português, Geografia e Filosofia e em 1882 foi eleito secretário da Congregação. Após a sua morte, em agosto de 1906, ele recebeu uma homenagem proposta pelos alunos Gentil Tavares da Motta, José da Rocha Teixeira, Paulo da Rocha Teixeira, Clarindo Diniz Gonçalves, Clodomir Silva e Martins de Camacho. Por sugestão desses estudantes, no dia 18 de maio de 1910 foi inaugurado um retrato seu no salão nobre do Atheneu, em solenidade que contou com a presença do presidente Rodrigues Dória.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
A VIAGEM DE ABDIAS
O tema das viagens de sergipanos a São Paulo durante a primeira metade do século XX, a fim de aprenderam com as experiências da pedagogia moderna e da Escola Nova as possibilidades de reformar o ensino em Sergipe, continua pouco explorado como objetos dos pesquisadores de História da Educação. Atualmente, apenas dois estudos a respeito desta questão estão em andamento: a pesquisa que vem sendo desenvolvida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo pela professora sergipana Josefa Eliana Souza, a respeito do trabalho de Helvécio de Andrade e a pesquisa que vem sendo tocada na Universidade Federal de Sergipe pela professora Neide Sobral, do Departamento de Educação. Pessoalmente, tenho estudado um pouco o problema e já publiquei alguns artigos a respeito deste assunto.
Ao discutir esta questão em textos anteriores, listei as viagens realizadas por Helvécio de Andrade, José Augusto da Rocha Lima, Franco Freire e Penélope Magalhães. Quero acrescer a esta lista um outro viajante: o professor Abdias Bezerra. Ele viajou a São Paulo no ano de 1923, onde estudou as reformas do ensino que vinham sendo implementadas naquele Estado. Ao regressar, comandou a reforma do ensino sintetizada no Regulamento da Instrução Pública editado em 11 de março de 1924 por Maurício Gracho Cardoso, então presidente do Estado. O novo regulamento alterou profundamente os programas para os cursos primário, elementar e superior vigentes em Sergipe.
Abdias Bezerra nasceu no dia sete de setembro de 1880 na então Vila de Siriri. Era filho do professor João Amâncio Bezerra e da sua mulher, Hermínia Rosa Bezerra. Antes de iniciar os seus estudos secundários no Ateneu Sergipense, fora aluno das escolas de Siriri, Itabaiana e Japaratuba. Em março de 1900, matriculou-se na Escola Militar do Realengo, onde fez o curso secundário e o primeiro ano do ensino superior, sendo expulso em 1904, depois de ter participado da revolta do mês de novembro daquele ano. Regressou a Sergipe e iniciou a sua carreira de docente, lecionando em escolas privadas. Em maio de 1909 foi aprovado em concurso público para a cadeira de francês do Ateneu. Em 1911, transferiu-se para as cadeiras de aritmética e álgebra, do curso ginasial. Em seguida passou a ensinar português, até o ano de 1915, quando assumiu as cadeiras de geometria e trigonometria. Um ano depois, em junho de 1916, voltou outra vez para as cadeiras de geometria e trigonometria. Era um caso raro de professor capaz de lecionar em várias áreas.
Em novembro de 1922, Abdias Bezerra assumiu o cargo de diretor do Ateneu Sergipense. Em abril de 1923 foi dirigir o curso comercial Conselheiro Orlando e em maio do mesmo ano passou a exercer o cargo de diretor da instrução pública do Estado. O professor Abdias Bezerra morreu no dia 14 de junho de 1944.
O sepultamento de Abdias Bezerra foi um acontecimento político e social marcante na vida da cidade de Aracaju do ano de 1944. O percurso da casa do seu filho, Felte Bezerra, onde foi velado, à rua Maroim, até o Cemitério Santa Izabel foi feito a pé, acompanhado por uma multidão de personalidades políticas e por estudantes das principais escolas da cidade de Aracaju, que formaram duas alas que transportavam coroas fúnebres e flores naturais. Após estas alas, um grande acompanhamento de automóveis, bondes e ônibus. Antes do corpo ser sepultado, discursaram o interventor substituto, Francisco Leite Neto; o representante da Escola Normal Rui Barbosa, professor José Calasans Brandão; o representante do Colégio Estadual de Sergipe, professor Franco Freire; o representante do Ginásio Tobias Barreto, professor João de Araújo Monteiro; o jornalista Freire Ribeiro; o representante do corpo discente do Colégio Estadual de Sergipe, Clodomir Silva; o representante da Maçonaria, José Felizola; o representante dos operários, João Vieira de Aquino; o seu ex-aluno, José de Matos Teles; e o diretor do Departamento de Educação, Acrísio Cruz.
As viagens de estudo, como a realizada por Abdias Bezerra, e a “importação” de técnicos constituíram estratégia importante para a política de reforma do ensino em Sergipe. O interesse que as reformas educacionais despertaram deixou muitos vestígios na educação do Estado de Sergipe. As diferentes memórias da instituição e das práticas escolares ajudam a compor um quadro que dá conta de muitas mudanças na vida escolar entre as décadas de 1910 e 1950. São transformações da mentalidade política, econômica, social e dos padrões de cultura escolar. A consciência de tais mudanças corresponde ao estabelecimento de valores distintos a partir de novos padrões de conduta, de novas convenções sociais. Há uma valorização da instrução pública no período. Os governos estaduais se entusiasmaram com as reformas que se irradiaram a partir de São Paulo pela visibilidade que ganhavam junto à opinião pública, em função do seu caráter moderno, que se exprimia através de um discurso de racionalidade técnica dos profissionais de educação e da legitimação que se poderia obter. À medida que as reformas se irradiavam por todo o Brasil (São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia), ao longo das décadas de 1920 e 1930, também se consolidavam o ideário da Escola Nova no Brasil, seja pela presença de um novo perfil de pedagogos, os “educadores profissionais”, seja pela expansão de caráter quantitativo e qualitativo da nova literatura educacional.
Ao discutir esta questão em textos anteriores, listei as viagens realizadas por Helvécio de Andrade, José Augusto da Rocha Lima, Franco Freire e Penélope Magalhães. Quero acrescer a esta lista um outro viajante: o professor Abdias Bezerra. Ele viajou a São Paulo no ano de 1923, onde estudou as reformas do ensino que vinham sendo implementadas naquele Estado. Ao regressar, comandou a reforma do ensino sintetizada no Regulamento da Instrução Pública editado em 11 de março de 1924 por Maurício Gracho Cardoso, então presidente do Estado. O novo regulamento alterou profundamente os programas para os cursos primário, elementar e superior vigentes em Sergipe.
Abdias Bezerra nasceu no dia sete de setembro de 1880 na então Vila de Siriri. Era filho do professor João Amâncio Bezerra e da sua mulher, Hermínia Rosa Bezerra. Antes de iniciar os seus estudos secundários no Ateneu Sergipense, fora aluno das escolas de Siriri, Itabaiana e Japaratuba. Em março de 1900, matriculou-se na Escola Militar do Realengo, onde fez o curso secundário e o primeiro ano do ensino superior, sendo expulso em 1904, depois de ter participado da revolta do mês de novembro daquele ano. Regressou a Sergipe e iniciou a sua carreira de docente, lecionando em escolas privadas. Em maio de 1909 foi aprovado em concurso público para a cadeira de francês do Ateneu. Em 1911, transferiu-se para as cadeiras de aritmética e álgebra, do curso ginasial. Em seguida passou a ensinar português, até o ano de 1915, quando assumiu as cadeiras de geometria e trigonometria. Um ano depois, em junho de 1916, voltou outra vez para as cadeiras de geometria e trigonometria. Era um caso raro de professor capaz de lecionar em várias áreas.
Em novembro de 1922, Abdias Bezerra assumiu o cargo de diretor do Ateneu Sergipense. Em abril de 1923 foi dirigir o curso comercial Conselheiro Orlando e em maio do mesmo ano passou a exercer o cargo de diretor da instrução pública do Estado. O professor Abdias Bezerra morreu no dia 14 de junho de 1944.
O sepultamento de Abdias Bezerra foi um acontecimento político e social marcante na vida da cidade de Aracaju do ano de 1944. O percurso da casa do seu filho, Felte Bezerra, onde foi velado, à rua Maroim, até o Cemitério Santa Izabel foi feito a pé, acompanhado por uma multidão de personalidades políticas e por estudantes das principais escolas da cidade de Aracaju, que formaram duas alas que transportavam coroas fúnebres e flores naturais. Após estas alas, um grande acompanhamento de automóveis, bondes e ônibus. Antes do corpo ser sepultado, discursaram o interventor substituto, Francisco Leite Neto; o representante da Escola Normal Rui Barbosa, professor José Calasans Brandão; o representante do Colégio Estadual de Sergipe, professor Franco Freire; o representante do Ginásio Tobias Barreto, professor João de Araújo Monteiro; o jornalista Freire Ribeiro; o representante do corpo discente do Colégio Estadual de Sergipe, Clodomir Silva; o representante da Maçonaria, José Felizola; o representante dos operários, João Vieira de Aquino; o seu ex-aluno, José de Matos Teles; e o diretor do Departamento de Educação, Acrísio Cruz.
As viagens de estudo, como a realizada por Abdias Bezerra, e a “importação” de técnicos constituíram estratégia importante para a política de reforma do ensino em Sergipe. O interesse que as reformas educacionais despertaram deixou muitos vestígios na educação do Estado de Sergipe. As diferentes memórias da instituição e das práticas escolares ajudam a compor um quadro que dá conta de muitas mudanças na vida escolar entre as décadas de 1910 e 1950. São transformações da mentalidade política, econômica, social e dos padrões de cultura escolar. A consciência de tais mudanças corresponde ao estabelecimento de valores distintos a partir de novos padrões de conduta, de novas convenções sociais. Há uma valorização da instrução pública no período. Os governos estaduais se entusiasmaram com as reformas que se irradiaram a partir de São Paulo pela visibilidade que ganhavam junto à opinião pública, em função do seu caráter moderno, que se exprimia através de um discurso de racionalidade técnica dos profissionais de educação e da legitimação que se poderia obter. À medida que as reformas se irradiavam por todo o Brasil (São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia), ao longo das décadas de 1920 e 1930, também se consolidavam o ideário da Escola Nova no Brasil, seja pela presença de um novo perfil de pedagogos, os “educadores profissionais”, seja pela expansão de caráter quantitativo e qualitativo da nova literatura educacional.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
OS ESTUDOS SOBRE INTELECTUAIS NA HISTORIOGRAFIA DE MARIA THETIS NUNES - IV
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos sobre intelectuais realizados por Maria Thetis Nunes remetem a dois grandes pólos das suas preocupações: a historiografia e a história da educação. Nada menos de quinze trabalhos podem ser enquadrados fundamentalmente no campo da História educacional, enquanto a Historiografia é contemplada com doze textos. Outra preocupação muito constante nos estudos sobre intelectuais realizados pela autora diz respeito ao campo da arte (cinco trabalhos) e a atividades como a literatura, medicina, engenharia e agitação cultural. Mas também há estudos que contemplam a Filosofia, a Política, a Sociologia, o Jornalismo, os militares, a Arquitetura e a formação territorial e étnica de Sergipe.
A maior parte desses estudos traz a marca forte de uma vigorosa memorialista que se motivou explicitamente em efemérides, como o falecimento de alguns dos intelectuais que analisou ou celebrações das datas de nascimento ou de morte dessas personalidades, para analisa-los. Ela celebra, principalmente, a memória de intelectuais sergipanos, em alguns casos buscando legitimá-los post mortem e em outros reificando a legitimação que eles obtiveram ainda vivos. Porém, outras motivações não estão afastadas, como a necessidade de produzir textos para participar de eventos científicos ou concorrer a premiações oferecidas a pesquisadores por instituições governamentais.
De uma maneira geral, os textos produzidos por Maria Thetis Nunes sobre intelectuais são pródigos em elogios à ação destes, à exceção dos trabalhos historiográficos a respeito do professor Acrísio Torres Araújo, que trazem consigo o tom da polêmica por divergir do entendimento daquele autor. Todavia, o fato de constarem da lista de autores que ela analisou é, sem dúvida, mais uma chancela legitimadora do trabalho de todos. Os seus intelectuais atuaram invariavelmente como instrumentos fundamentais para a modernização da vida de Sergipe e do Brasil, viabilizando o progresso. Essa idéia de que a sociedade estava sempre orientada na direção do progresso foi comum entre os intelectuais apresentados por Maria Thetis Nunes e também assumida por ela como ferramenta de análise. Pela leitura dos intelectuais da autora, é visível a sua crença no progresso, da mesma maneira que a tradição intelectual na qual a mesma se inclui. Afinal, não é possível esquecer que Comte, Marx e Engels acreditavam na condição humana, mesmo que suas concepções de progresso muitas vezes divergissem.
Os modos de interpretar os seus intelectuais assumidos por Maria Thetis Nunes, leva a uma homogeneização dos padrões de comportamento destes, mesmo quando eles têm posições teóricas e políticas distanciadas. A autora busca sempre a regularidade de fatos que ocorrem continuadamente. Por isto, encontra evidências que justificam diferentes perspectivas. A “razão de Estado”, de Nicolau Maquiavel, tanto pode ser um instrumento conceitual para explicar a formação política dos Estados nacionais quanto a atuação de grupos privados em uma dada sociedade. Os direitos e garantias individuais do homem tanto podem ser lidos como valor democrático universal quanto na condição de exercício da ideologia burguesa para submeter os seus oponentes de classe. Daí a explicação histórica, necessariamente, buscada por Maria Thetis em regularidades humanas que ultrapassam os limites de explicações como o antagonismo católicos X protestantes, burguesia X proletariado ou qualquer outro que se pretenda estabelecer, falando em nome da dialética com a qual opera.
Um leitor eventualmente menos atento ou alguém que se relacione com o marxismo a partir da posição de um “beato” tem dificuldade em compreender como Maria Thetis opera com os seus intelectuais. Mesmo sendo entusiasta de uma certa vertente do marxismo, a autora toma as posições dos intelectuais buscando entender os autores com os quais se relaciona maduramente, a partir dos seus propósitos. Por isto, na maior parte das vezes a sua crítica ao trabalho intelectual é bastante parcimoniosa e quase imperceptível.
Certamente, abordagens sobre intelectuais como as produzidas por Maria Thetis Nunes são importantes contribuições que servem para reafirmar a condição do indivíduo como sujeito da história, colocando em destaque as personalidades, no processo da vida social. As análises memorialísticas da autora estão para além das simples biografias, dando voz aos intelectuais estudados.
Os estudos sobre intelectuais realizados por Maria Thetis Nunes remetem a dois grandes pólos das suas preocupações: a historiografia e a história da educação. Nada menos de quinze trabalhos podem ser enquadrados fundamentalmente no campo da História educacional, enquanto a Historiografia é contemplada com doze textos. Outra preocupação muito constante nos estudos sobre intelectuais realizados pela autora diz respeito ao campo da arte (cinco trabalhos) e a atividades como a literatura, medicina, engenharia e agitação cultural. Mas também há estudos que contemplam a Filosofia, a Política, a Sociologia, o Jornalismo, os militares, a Arquitetura e a formação territorial e étnica de Sergipe.
A maior parte desses estudos traz a marca forte de uma vigorosa memorialista que se motivou explicitamente em efemérides, como o falecimento de alguns dos intelectuais que analisou ou celebrações das datas de nascimento ou de morte dessas personalidades, para analisa-los. Ela celebra, principalmente, a memória de intelectuais sergipanos, em alguns casos buscando legitimá-los post mortem e em outros reificando a legitimação que eles obtiveram ainda vivos. Porém, outras motivações não estão afastadas, como a necessidade de produzir textos para participar de eventos científicos ou concorrer a premiações oferecidas a pesquisadores por instituições governamentais.
De uma maneira geral, os textos produzidos por Maria Thetis Nunes sobre intelectuais são pródigos em elogios à ação destes, à exceção dos trabalhos historiográficos a respeito do professor Acrísio Torres Araújo, que trazem consigo o tom da polêmica por divergir do entendimento daquele autor. Todavia, o fato de constarem da lista de autores que ela analisou é, sem dúvida, mais uma chancela legitimadora do trabalho de todos. Os seus intelectuais atuaram invariavelmente como instrumentos fundamentais para a modernização da vida de Sergipe e do Brasil, viabilizando o progresso. Essa idéia de que a sociedade estava sempre orientada na direção do progresso foi comum entre os intelectuais apresentados por Maria Thetis Nunes e também assumida por ela como ferramenta de análise. Pela leitura dos intelectuais da autora, é visível a sua crença no progresso, da mesma maneira que a tradição intelectual na qual a mesma se inclui. Afinal, não é possível esquecer que Comte, Marx e Engels acreditavam na condição humana, mesmo que suas concepções de progresso muitas vezes divergissem.
Os modos de interpretar os seus intelectuais assumidos por Maria Thetis Nunes, leva a uma homogeneização dos padrões de comportamento destes, mesmo quando eles têm posições teóricas e políticas distanciadas. A autora busca sempre a regularidade de fatos que ocorrem continuadamente. Por isto, encontra evidências que justificam diferentes perspectivas. A “razão de Estado”, de Nicolau Maquiavel, tanto pode ser um instrumento conceitual para explicar a formação política dos Estados nacionais quanto a atuação de grupos privados em uma dada sociedade. Os direitos e garantias individuais do homem tanto podem ser lidos como valor democrático universal quanto na condição de exercício da ideologia burguesa para submeter os seus oponentes de classe. Daí a explicação histórica, necessariamente, buscada por Maria Thetis em regularidades humanas que ultrapassam os limites de explicações como o antagonismo católicos X protestantes, burguesia X proletariado ou qualquer outro que se pretenda estabelecer, falando em nome da dialética com a qual opera.
Um leitor eventualmente menos atento ou alguém que se relacione com o marxismo a partir da posição de um “beato” tem dificuldade em compreender como Maria Thetis opera com os seus intelectuais. Mesmo sendo entusiasta de uma certa vertente do marxismo, a autora toma as posições dos intelectuais buscando entender os autores com os quais se relaciona maduramente, a partir dos seus propósitos. Por isto, na maior parte das vezes a sua crítica ao trabalho intelectual é bastante parcimoniosa e quase imperceptível.
Certamente, abordagens sobre intelectuais como as produzidas por Maria Thetis Nunes são importantes contribuições que servem para reafirmar a condição do indivíduo como sujeito da história, colocando em destaque as personalidades, no processo da vida social. As análises memorialísticas da autora estão para além das simples biografias, dando voz aos intelectuais estudados.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
OS ESTUDOS SOBRE INTELECTUAIS NA HISTORIOGRAFIA DE MARIA THETIS NUNES - III
Não é menor a importância dos estudos que Maria Thetis Nunes realizou sobre outros seis intelectuais brasileiros, como o professor Álvaro Vieira Pinto , de quem foi aluna no Instituto Superior de Estudos Brasileiros – o ISEB; o general José Ignácio de Abreu e Lima ; o historiador Nelson Werneck Sodré , também seu professor no período isebiano; o escultor Aleijadinho ; o engenheiro Antônio Pereira Rebouças ; e o marechal João Batista de Matos .
Do mesmo modo, Maria Thetis Nunes escreveu sobre sete intelectuais nascidos no exterior: o padre Inácio de Tolosa ; o Marquês de Pombal ; o artista plástico Jean Baptiste Debret ; os escritores William Faulkner e Martin Fierro ; o arquiteto Gran Jean de Montigny ; e, Pero Vaz de Caminha .
Do mesmo modo, Maria Thetis Nunes escreveu sobre sete intelectuais nascidos no exterior: o padre Inácio de Tolosa ; o Marquês de Pombal ; o artista plástico Jean Baptiste Debret ; os escritores William Faulkner e Martin Fierro ; o arquiteto Gran Jean de Montigny ; e, Pero Vaz de Caminha .
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
OS ESTUDOS SOBRE INTELECTUAIS NA HISTORIOGRAFIA DE MARIA THETIS NUNES - II
Durante trinta e um anos, no período de 1968 a 1999, a professora Maria Thetis Nunes publicou cinqüenta e quatro trabalhos, estudando a vida e a obra de trinta e oito intelectuais. Foram vinte e cinco professores, sete historiadores, quatro políticos, quatro artistas plásticos, quatro literatos, três clérigos, três engenheiros, três médicos, dois militares, um economista, um arquiteto, um filólogo, um filósofo e um sociólogo.
Os dois primeiros estudos sobre intelectuais publicados por Maria Thetis Nunes datam do ano de 1968 : um trabalho sobre o escritor William Faulkner e um outro sobre D. Mário de Miranda Vilas Boas, importante líder do clero católico, formado pelas primeiras turmas do Seminário Diocesano Sagrado Coração de Jesus, criado em Sergipe no ano de 1913 pelo bispo D. José Thomaz.
Na década de 1970, foram dezessete os estudos sobre intelectuais produzidos pela autora aqui estudada. Os três estudos realizados no ano de 1972 versaram sobre arte , enfatizando os trabalhos do Aleijadinho e de Debret. Eles foram realizados no contexto das comemorações do sesquicentenário da independência do Brasil, celebrado naquele ano. Dos quatro trabalhos que circularam no ano de 1973, dois traziam a marca da polêmica. A autora produziu dois textos críticos a respeito da historiografia do professor Acrísio Torres Araújo , à época professor da Escola Normal e um celebrado autor de livros didáticos de História de Sergipe. Os outros analisaram as trajetórias de vida de Clodomir Silva e Pero Vaz de Caminha . Em 1974 a literatura e a arte voltaram a ser temáticas da predileção de Maria Thetis Nunes nos seus estudos sobre intelectuais. De quatro trabalhos publicados, três tinham tal perfil: um estudo sobre Jenner Augusto , um outro sobre Horácio Hora e mais um a respeito da obra de Martin Fierro . O outro texto teve como preocupação os cinqüenta anos da morte do dicionarista Armindo Guaraná . Em 1975, apenas um trabalho sobre intelectuais, analisando a obra do professor José Calazans . No ano de 1976, a marca dos estudos sobre intelectuais publicados por Maria Thetis Nunes, é a atividade médica: um texto sobre o médico Garcia Moreno e um outro a respeito de Manuel Bonfim . O terceiro trabalho versa sobre um militar . Um estudo sobre arquitetura marcou o ano de 1977, enquanto no ano seguinte a autora se voltou a estudar um professor do Atheneu .
Durante a década de 1980 está concentrada a maior parte da produção dos estudos de Maria Thetis Nunes sobre intelectuais. No período de 1980 a 1989, ela publicou vinte e dois trabalhos acerca do tema. Dois textos circularam em 1980, dedicados a estudar docentes contemporâneos da autora . Um deles, Joaquim Vieira Sobral, era o diretor do Atheneu no momento em que, adolescente recém chegada de Itabaiana, Maria Thetis ingressou no curso ginasial, em 1935, conforme revela em entrevista que concedeu a Maria Nely Santos: “vivi a época mágica do Atheneu de grande desenvolvimento, de grande movimento cultural, de grandes professores e do grande diretor Joaquim Vieira Sobral, a quem eu devo muito por ter me dado um apoio forte” . No ano seguinte, mais um trabalho sobre o magistério . Desta vez um estudo muito importante para Maria Thetis, posto que examinava a figura do seu professor de História no Atheneu, Arthur Fortes:
Arthur Fortes estava com 54 anos quando lhe ministrou a primeira aula de História. Daí em diante, ouviu e recebeu seus ensinamentos por sete anos ininterruptos. Tempo suficiente para o florescimento de uma amizade nutrida pelo respeito, pelo carinho e pela admiração. Como se não bastassem os dotes intelectuais do professor Arthur Fortes, fisicamente era uma figura bonita, elegante e carismática. Um gentleman. Tantas qualidades num só indivíduo impressionaram profundamente a jovem aluna, que acabou associando a figura do pai à dele .
Antes porém que se encerrasse o ano seria publicado um estudo tratando de um intelectual militar . O general José Inácio de Abreu e Lima durante toda a sua vida se notabilizou pela forma radical com que defendera suas posições liberais. Pertenceu ao estado-maior do exército de Simon Bolívar e ao voltar a Pernambuco, sua terra natal, tinha o prestígio que lhe foi conferido pelas condecorações que recebeu como libertador da Nova Granada e da Venezuela, depois de ter ficado ausente da terra onde nasceu, durante 24 anos.
No momento em que regressou estava eclodindo a revolução praieira, de 1848. Alistou-se ao lado dos liberais e lutou em defesa da nacionalização do comércio, por eleições diretas, em favor da descentralização do poder das províncias e pela instituição do casamento civil. Após a derrota do movimento, dedicou-se Abreu e Lima a uma intensa atividade intelectual. As suas posições políticas faziam do general simpatizante da Igreja Anglicana. Distribuiu com algumas famílias recifenses bíblias impressas em Londres .
Os dois estudos sobre intelectuais publicados por Maria Thetis Nunes em 1983 estão voltados para a História da Educação . Em 1984, três estudos: um sobre o agitador cultural Eurico Amado, um outro sobre o processo de formação do território e do povo sergipano e mais um sobre uma professora contemporânea sua . Dois estudos sobre o magistério , um sobre o jornalismo e um outro acerca de problemas historiográficos dão o tom dos trabalhos sobre os intelectuais que a autora publicou no ano de 1985. Em 1986, as temáticas versaram sobre a Sociologia e a Historiografia . Este último tema, continuaria presente na produção do ano seguinte, com dois estudos , enquanto dois outros retomaram o velho debate sobre os docentes dos quais a autora fora aluna . Dois trabalhos produzidos em 1988 se debruçaram a respeito de um professor e de um literato , enquanto no ano de 1989 um filósofo foi objeto do único texto sobre intelectuais publicado pela autora .
Por fim, entre os anos de 1992 e 1999, doze trabalhos sobre intelectuais marcaram a produção de Maria Thetis Nunes. Um sobre o magistério, publicado em 1992 ; um outro acerca da historiografia , em 1994; um tendo a política como tema e um outro a respeito da historiografia , ambos em 1996. A produção do ano de 1998 reúne quatro trabalhos: dois tendo a magistério como temática , um outro a respeito de um importante engenheiro brasileiro e um quarto acerca do filósofo sergipano Tobias Barreto . Em 1999, também foram quatro os artigos sobre intelectuais publicados pela autora: ela voltou a escrever sobre o engenheiro Rebouças , fez um trabalho sobre o magistério , produziu mais um a respeito da historiografia e um outro sobre um importante agitador cultural .
Os trinta e oito intelectuais estudados por Maria Thetis Nunes, contudo, marcaram não apenas a vida sergipana. Plenamente identificados com a vida de Sergipe estão vinte e cinco deles. Professores nascidos em Sergipe, como José Antônio da Costa Melo , Norma Monte Alegre , Luis Carlos Rollemberg Dantas , Jorge de Oliveira Neto , Arthur Fortes , Manuel Luiz Azevedo d’Araujo , José Rollemberg Leite , Garcia Moreno , João Ribeiro , Joaquim Sobral , Clodomir Silva , Felte Bezerra , José Calazans , Ovídio Valois Correia , Tobias Barreto e Alberto Carvalho . Nesse mesmo grupo há pessoas que nasceram em outros Estados, mas marcaram a vida sergipana, a exemplo de Acrísio Torres Araújo , natural do Ceará, que atuou aqui como docente, livreiro e autor de livros didáticos de História e Geografia de Sergipe. Também nascidos em Sergipe são historiadores, como Felisbelo Freire e Carvalho Lima Junior ; artistas plásticos, a exemplo de Horácio Hora e Jenner Augusto ; médicos, como Manuel Bonfim ; agitadores culturais como Eurico Amado e Gilberto Amado ; políticos, a exemplo de Fausto Cardoso ; sociólogos, como Florentino Teles de Meneses ; profissionais do Direito, a exemplo de Armindo Guaraná ; clérigos, como D. Mário Miranda Vilas Boas ; e, jornalistas, como Orlando Dantas .
Os dois primeiros estudos sobre intelectuais publicados por Maria Thetis Nunes datam do ano de 1968 : um trabalho sobre o escritor William Faulkner e um outro sobre D. Mário de Miranda Vilas Boas, importante líder do clero católico, formado pelas primeiras turmas do Seminário Diocesano Sagrado Coração de Jesus, criado em Sergipe no ano de 1913 pelo bispo D. José Thomaz.
Na década de 1970, foram dezessete os estudos sobre intelectuais produzidos pela autora aqui estudada. Os três estudos realizados no ano de 1972 versaram sobre arte , enfatizando os trabalhos do Aleijadinho e de Debret. Eles foram realizados no contexto das comemorações do sesquicentenário da independência do Brasil, celebrado naquele ano. Dos quatro trabalhos que circularam no ano de 1973, dois traziam a marca da polêmica. A autora produziu dois textos críticos a respeito da historiografia do professor Acrísio Torres Araújo , à época professor da Escola Normal e um celebrado autor de livros didáticos de História de Sergipe. Os outros analisaram as trajetórias de vida de Clodomir Silva e Pero Vaz de Caminha . Em 1974 a literatura e a arte voltaram a ser temáticas da predileção de Maria Thetis Nunes nos seus estudos sobre intelectuais. De quatro trabalhos publicados, três tinham tal perfil: um estudo sobre Jenner Augusto , um outro sobre Horácio Hora e mais um a respeito da obra de Martin Fierro . O outro texto teve como preocupação os cinqüenta anos da morte do dicionarista Armindo Guaraná . Em 1975, apenas um trabalho sobre intelectuais, analisando a obra do professor José Calazans . No ano de 1976, a marca dos estudos sobre intelectuais publicados por Maria Thetis Nunes, é a atividade médica: um texto sobre o médico Garcia Moreno e um outro a respeito de Manuel Bonfim . O terceiro trabalho versa sobre um militar . Um estudo sobre arquitetura marcou o ano de 1977, enquanto no ano seguinte a autora se voltou a estudar um professor do Atheneu .
Durante a década de 1980 está concentrada a maior parte da produção dos estudos de Maria Thetis Nunes sobre intelectuais. No período de 1980 a 1989, ela publicou vinte e dois trabalhos acerca do tema. Dois textos circularam em 1980, dedicados a estudar docentes contemporâneos da autora . Um deles, Joaquim Vieira Sobral, era o diretor do Atheneu no momento em que, adolescente recém chegada de Itabaiana, Maria Thetis ingressou no curso ginasial, em 1935, conforme revela em entrevista que concedeu a Maria Nely Santos: “vivi a época mágica do Atheneu de grande desenvolvimento, de grande movimento cultural, de grandes professores e do grande diretor Joaquim Vieira Sobral, a quem eu devo muito por ter me dado um apoio forte” . No ano seguinte, mais um trabalho sobre o magistério . Desta vez um estudo muito importante para Maria Thetis, posto que examinava a figura do seu professor de História no Atheneu, Arthur Fortes:
Arthur Fortes estava com 54 anos quando lhe ministrou a primeira aula de História. Daí em diante, ouviu e recebeu seus ensinamentos por sete anos ininterruptos. Tempo suficiente para o florescimento de uma amizade nutrida pelo respeito, pelo carinho e pela admiração. Como se não bastassem os dotes intelectuais do professor Arthur Fortes, fisicamente era uma figura bonita, elegante e carismática. Um gentleman. Tantas qualidades num só indivíduo impressionaram profundamente a jovem aluna, que acabou associando a figura do pai à dele .
Antes porém que se encerrasse o ano seria publicado um estudo tratando de um intelectual militar . O general José Inácio de Abreu e Lima durante toda a sua vida se notabilizou pela forma radical com que defendera suas posições liberais. Pertenceu ao estado-maior do exército de Simon Bolívar e ao voltar a Pernambuco, sua terra natal, tinha o prestígio que lhe foi conferido pelas condecorações que recebeu como libertador da Nova Granada e da Venezuela, depois de ter ficado ausente da terra onde nasceu, durante 24 anos.
No momento em que regressou estava eclodindo a revolução praieira, de 1848. Alistou-se ao lado dos liberais e lutou em defesa da nacionalização do comércio, por eleições diretas, em favor da descentralização do poder das províncias e pela instituição do casamento civil. Após a derrota do movimento, dedicou-se Abreu e Lima a uma intensa atividade intelectual. As suas posições políticas faziam do general simpatizante da Igreja Anglicana. Distribuiu com algumas famílias recifenses bíblias impressas em Londres .
Os dois estudos sobre intelectuais publicados por Maria Thetis Nunes em 1983 estão voltados para a História da Educação . Em 1984, três estudos: um sobre o agitador cultural Eurico Amado, um outro sobre o processo de formação do território e do povo sergipano e mais um sobre uma professora contemporânea sua . Dois estudos sobre o magistério , um sobre o jornalismo e um outro acerca de problemas historiográficos dão o tom dos trabalhos sobre os intelectuais que a autora publicou no ano de 1985. Em 1986, as temáticas versaram sobre a Sociologia e a Historiografia . Este último tema, continuaria presente na produção do ano seguinte, com dois estudos , enquanto dois outros retomaram o velho debate sobre os docentes dos quais a autora fora aluna . Dois trabalhos produzidos em 1988 se debruçaram a respeito de um professor e de um literato , enquanto no ano de 1989 um filósofo foi objeto do único texto sobre intelectuais publicado pela autora .
Por fim, entre os anos de 1992 e 1999, doze trabalhos sobre intelectuais marcaram a produção de Maria Thetis Nunes. Um sobre o magistério, publicado em 1992 ; um outro acerca da historiografia , em 1994; um tendo a política como tema e um outro a respeito da historiografia , ambos em 1996. A produção do ano de 1998 reúne quatro trabalhos: dois tendo a magistério como temática , um outro a respeito de um importante engenheiro brasileiro e um quarto acerca do filósofo sergipano Tobias Barreto . Em 1999, também foram quatro os artigos sobre intelectuais publicados pela autora: ela voltou a escrever sobre o engenheiro Rebouças , fez um trabalho sobre o magistério , produziu mais um a respeito da historiografia e um outro sobre um importante agitador cultural .
Os trinta e oito intelectuais estudados por Maria Thetis Nunes, contudo, marcaram não apenas a vida sergipana. Plenamente identificados com a vida de Sergipe estão vinte e cinco deles. Professores nascidos em Sergipe, como José Antônio da Costa Melo , Norma Monte Alegre , Luis Carlos Rollemberg Dantas , Jorge de Oliveira Neto , Arthur Fortes , Manuel Luiz Azevedo d’Araujo , José Rollemberg Leite , Garcia Moreno , João Ribeiro , Joaquim Sobral , Clodomir Silva , Felte Bezerra , José Calazans , Ovídio Valois Correia , Tobias Barreto e Alberto Carvalho . Nesse mesmo grupo há pessoas que nasceram em outros Estados, mas marcaram a vida sergipana, a exemplo de Acrísio Torres Araújo , natural do Ceará, que atuou aqui como docente, livreiro e autor de livros didáticos de História e Geografia de Sergipe. Também nascidos em Sergipe são historiadores, como Felisbelo Freire e Carvalho Lima Junior ; artistas plásticos, a exemplo de Horácio Hora e Jenner Augusto ; médicos, como Manuel Bonfim ; agitadores culturais como Eurico Amado e Gilberto Amado ; políticos, a exemplo de Fausto Cardoso ; sociólogos, como Florentino Teles de Meneses ; profissionais do Direito, a exemplo de Armindo Guaraná ; clérigos, como D. Mário Miranda Vilas Boas ; e, jornalistas, como Orlando Dantas .
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