quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

AGRONOMIA E HISTÓRIA III

Bittencourt Calasans doutorou-se em Direito pela Universidade de Bruxelas, na Bélgica, em 1835. Após retornar a Sergipe, assumiu o comando do engenho da sua família e começou a estudar agronomia por conta própria, lendo os principais autores então existentes, com o objetivo de introduzir na sua propriedade arados, implementos agrícolas e algumas máquinas movidas a vapor. O seu interesse o levou a uma viagem de estudos a Cuba e aos Estados Unidos da América em 1857, durante a qual buscou aperfeiçoamento em estudos a respeito dos melhores sistemas de cultura da cana e do fabrico do açúcar. Nesta viagem, demorou-se por mais tempo na Louisiania, no sul dos Estados Unidos, onde se considerava que a agricultura era mais avançada, com um maior grau de incorporação de tecnologia, tanto no plantio da cana quanto na produção de açúcar. Talvez por esta razão e pelo trabalho que publicou apareça como engenheiro agrônomo na “Relação dos cidadãos que têm governado a Província de Sergipe, desmembrada da Baía por Decreto de 8 de Julho de 1820, desde a instalação até 1889”. Bittencourt governou a Província de Sergipe durante dois dias, em 1845. Além disso, recebeu o título de Comendador da Ordem de Cristo, por haver hospedado o Imperador Pedro II em sua residência, na cidade de Estância, no ano de 1860. Membro de algumas sociedades científicas do século XIX, ele também foi dirigente do Imperial Instituto Sergipano de Agricultura.
O livro está organizado em quatro capítulos, uma introdução e um resumo final à guisa de conclusão. Impresso na Bahia pela tipografia de Camillo de Lellis Masson & Companhia, o livro continha 98 páginas no formato 11 X 21,5 cm. Ainda no prólogo, o autor esclarece que ao assumir a direção do engenho Castelo estava despreparado para a missão e corria o risco de levar o empreendimento à bancarrota. Esta teria sido a razão determinante para que houvesse se lançado ao estudo dos clássicos da Agronomia e buscasse viajar ao exterior, a fim de estudar e conhecer as técnicas de plantio da cana e de fabricação do açúcar, além de adquirir a bibliografia mais atualizada. Revela também que a partir dos estudos realizados estabeleceu um método que consistia em testar as informações que as suas fontes lhe apresentavam. O passo seguinte foi o de organizar a exposição presente no texto.


Procurei ajustar as frases e as palavras do Agricultor Sergipano às inteligências de grande parte dos plantadores da cana de açúcar, e julgo ter feito alguma coisa no estado em que nos achamos, baldos até hoje de um livro prático, neste gênero, que seja mais aplicado aos nossos usos e costumes, e ao nosso clima, como este, escrito em linguagem corrente, abrangendo todas as operações e trabalhos do plantio da cana e do fabrico do seu açúcar, aí descritos minuciosamente (CALASANS, 1869: VI).

2 comentários:

  1. 'lixo total faz alguma coisa direito

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  2. Caro Sr. Anônimo: Gostaria muito que o Sr. se identificasse... Assim, nós poderiamos não apenas discutir de modo transparente e honesto nossas divergências, como também não apenas eu, mas todos que frequentam este espaço poderiamos receber sugestões suas acerca de como qualificar as reflexões a respeito deste tema...
    Jorge Carvalho

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