sexta-feira, 19 de março de 2010

AGRONOMIA E HISTÓRIA XII

O Instituto Parreiras Horta também ofereceu uma importante contribuição à Química agrícola em Sergipe, durante a década de 50. Logo nos primeiros anos do decênio, o diretor da instituição, Teotonilo Mesquita, associou-se ao engenheiro agrônomo Emmanuel Franco, chefe do Posto de Defesa Agrícola de Sergipe, e estudando juntos conseguiram obter uma cultura pura da bactéria Pseudomonas Solanacearum, a partir de plantas de fumo atacadas em Sergipe. Emmanuel Franco buscou, junto ao agrônomo Arthur Kelman, pesquisador da North Caroline State University, durante viagem de estudos aos Estados Unidos da América, em 1953, compreender de que modo a bactéria vinha sendo combatida na América do Norte. Em Sergipe, adotou-se a técnica de revolver o solo durante o mês de janeiro, expondo as bactérias à ação dos raios solares, o que se revelou eficaz (FRANCO, Emmanuel. Viagens. Uma semente plantada. Aracaju, Gráfica Editora J. Andrade, 2005. p. 81).
Ainda na década de 30, a reforma Francisco Campos possibilitou a junção dos ensinos secundário, normal e profissional no Ministério da Educação e Saúde Pública, contudo, manteve o ensino agrícola segregado no Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, sob o beneplácito dos profissionais do setor agrícola, adotando o entendimento de que esse ramo do ensino era problema de política agrícola e não de política educacional. Os pressupostos da reforma Francisco Campos foram predominantes na definição do ensino agrícola brasileiro até 1942, quando começou a ser aprovado o conjunto das chamadas leis orgânicas do ensino, sob o espírito da reforma promovida por Gustavo Capanema, durante o período em que este foi ministro da Educação . A reforma Capanema, além de possibilitar a definição das leis orgânicas do ensino profissional, foi importante para o cumprimento dos dispositivos constitucionais de 1937 que determinavam a criação de entidades especializadas relativas ao ensino vocacional e pré-vocacional como um dever do Estado com a colaboração das chamadas “classes produtoras”. Assim, foram implantadas entidades especializadas como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai, em 1942, e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – Senac, em 1946. Para o ensino agrícola, contudo, não foi criada qualquer entidade desta natureza.
Durante a gestão de Apolônio Sales no Ministério da Agricultura, em 1944, a Superintendência do Ensino Agrícola e Veterinário foi reorganizada, ampliando-se as suas possibilidades de intervir na educação das populações rurais. Na mesma oportunidade “estabeleceu-se um convênio entre os governos norte-americano e brasileiro, de que resultou a criação de uma Comissão Brasileiro-Americana de Educação das Populações Rurais” . Um ano depois, em 1945, A Inter-American Education Foundation – IAEF e o Ministério da Agricultura do Brasil firmaram um novo acordo, desta feita para aperfeiçoar o ensino das técnicas agrícolas.
O prestígio que os engenheiros agrônomos angariaram como profissionais especializados na produção de alimentos e no trato como os negócios da terra aliado ao crescimento do número desses profissionais em Sergipe possibilitou que em outubro de 1950 eles fundassem a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Sergipe – AEASE. A proposta de organizar a Associação foi formulada por Tennyson Aragão, Wanderley do Prado Barreto, Alberto Campos Silva e José Pereira de Miranda Junior. Organizados, os engenheiros agrônomos tiveram uma atuação vigorosa em diferentes momentos da vida sergipana, como ocorreu, por exemplo, em Aracaju, no ano de 1976, quando o agrônomo Arício Resende liderou um movimento pela arborização da cidade. Segundo ele, era necessário romper com o índice de 0,66 metros quadrados de área verde por habitante à época, padrão considerado insuficiente segundo os parâmetros estabelecidos pela ONU.

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