terça-feira, 18 de janeiro de 2011

PRAGMATISMO E EDUCAÇÃO NO BRASIL - V

É no contexto desta obra que Dewey faz uma das mais caras afirmações do pensamento escolanovista. Adverte que o professor não pode ensinar a pensar, pois no seu entendimento esta é uma iniciativa do aluno, posto que aprender é próprio do estudante. Nesse âmbito a tarefa do professor seria apenas a de ensinar. E para isto é necessário o domínio do pensamento reflexivo, o pensamento científico experimental no dizer de Dewey. Trata-se de análise e síntese e não deve ser confundido com o pensamento empírico. O trabalho docente, sob essa ótica, impõe a conciliação rigorosa do lúdico e do trabalho.

Pedra de toque do trabalho de John Dewey era a preocupação com as situações de mudança, uma das preocupações centrais da vida norte-americana daquele período. Tal preocupação pontuava o processo de transição entre a vida rural e a urbana dos Estados Unidos da América. Isso atraiu cada vez mais um número maior de leitores para a obra do autor. Público de diversas origens, uma vez que Dewey evitou uma forte polêmica do seu tempo: a que dividia as escolas seculares daquelas comandadas pelas diversas denominações protestantes. Tanto foi crítico do radicalismo ateísta quando da exacerbação dos elementos sobrenaturais. Recusou-se a comungar dos discursos que contrapunham a ciência à religião. Preferiu dar uma interpretação secular aos problemas morais e religiosos. Da mesma maneira que fugiu do embate entre os diferentes agrupamentos políticos, tentando dar ao seu trabalho um caráter de universalidade, o fato de o autor conseguir aplicar o vocabulário filosófico aos problemas vividos no universo escolar facilitou a sua aceitação pelos profissionais do ensino.

O entendimento de democracia e mudança social, para Dewey, tem a criança como centro. As possibilidades das mudanças estão postas na infância. Portanto, o caráter democrático da educação reside na possibilidade de desenvolver nos indivíduos a consciência da mudança de hábitos. John Dewey combateu as filosofias tradicionalmente adotadas na história da educação: o platonismo, o racionalismo e o idealismo. Acusou-as de reduzir os objetivos educacionais. Além disso afirmou que elas impedem o desenvolvimento natural da criança, divorciando-a da cultura e da vida social. É a partir de tais pressupostos que ele examina problemas como o currículo e a metodologia. É a educação para a democracia. Articula esses ideais a uma psicologia do comportamento de base biológica. Ainda no âmbito da discussão sobre a democracia, Dewey tece considerações sobre o papel do Estado, rejeitando o dogma da soberania do Estado nacional, valorizando os partidos políticos, as sociedades comerciais, as organizações científicas e artísticas, os sindicatos, as igrejas, as escolas e os clubes. Para ele esse grupos seriam as verdadeiras unidades da soberania social.

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