sexta-feira, 11 de junho de 2010

ENGENHARI E HISTÓRIA EM SERGIPE

A História da Engenharia é uma expressão importante da história e das práticas de vida dos homens. A tecnologia industrial aportou em Sergipe trilhando os caminhos da produção açucareira e estimulando muito o desenvolvimento da Engenharia Mecânica. Há registros a respeito da produção de açúcar no Brasil desde 1535 (LOUREIRO, 1999: 8). Data de 1602 o primeiro engenho sergipano, trazido pelas mãos do desembargador Baltazar Ferraz (SEBRÃO SOBRINHO, 1955, 25). Quando o primeiro presidente da Província, Manuel Fernandes da Silveira tomou posse no dia cinco de março de 1824, o número de engenhos sergipanos de açúcar era de 226. Em 1860, cinco anos depois da mudança da capital para Aracaju, eram já 769 engenhos, fazendo com que a produção açucareira de Sergipe superasse a da Província da Bahia e a do Rio de Janeiro. Há historiadores sergipanos que registram a existência de 820 engenhos em 1886. Felisbelo Freire dá conta dá existência de cerca de mil deles (FREIRE, 1977). Mas apesar da quantidade de açúcar que a Província produzia, existem observações dando conta da má qualidade e da baixa produtividade na produção açucareira.


Em média, os engenhos sergipanos produziam de 55 a 88 caixas de açúcar. Além da péssima qualidade, essa produção era considerada por todos como extremamente baixa para as qualidades da terra. (...) Era um volume muito baixo de produção, atentarmos para os custos do empreendimento (ALMEIDA, 1978, 19).


Essa pequena produtividade redundava em sérias conseqüências, principalmente nos períodos em que os preços caíam no mercado externo. Os engenhos enfrentavam dificuldades para saldar os seus débitos e alguns proprietários perdiam seu negócio para os comerciantes credores.
A importância da engenharia mecânica na produção açucareira aparece por inteiro no trabalho publicado em 1869 por João José Bittencourt Calasans, um bacharel em Direito e proprietário do engenho Castelo dedicado ao estudo dos problemas agronômicos, principalmente o plantio da cana e a produção do açúcar. O autor nasceu em junho de 1811, no engenho Castelo, à época município de Santa Luzia, região que atualmente corresponde ao território do município de Indiaroba. Calasans morreu em agosto de 1870, um ano após haver publicado O agricultor sergipano da cana de açúcar. Bittencourt Calasans doutorou-se em Direito pela Universidade de Bruxelas, na Bélgica, em 1835. Após retornar a Sergipe, assumiu o comando do engenho da sua família e começou a estudar agronomia por conta própria, lendo os principais autores então existentes, com o objetivo de introduzir na sua propriedade arados, implementos agrícolas e algumas máquinas movidas a vapor. Bittencourt governou a Província de Sergipe durante dois dias, em 1845. Além disso, recebeu o título de Comendador da Ordem de Cristo, por haver hospedado o Imperador Pedro II em sua residência, na cidade de Estância, no ano de 1860. Membro de algumas sociedades científicas do século XIX, ele também foi dirigente do Imperial Instituto Sergipano de Agricultura.

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