sábado, 26 de junho de 2010

ENGENHARIA E HISTÓRIA EM SERGIPE - VI

A Engenharia Civil chegou a Sergipe trilhando basicamente quatro caminhos: o da construção das cidades, o da edificação de templos religiosos, o da produção açucareira e o da construção de estradas e pontes. Em Sergipe inexistem estudos consistentes sobre a História da Engenharia Civil.
As contribuições mais próximas desse campo foram dadas por três trabalhos voltados para o campo da Arquitetura: o estudo da arquiteta Kátia Afonso Silva Loureiro, Arquitetura sergipana do Açúcar, publicado em 1999 (LOUREIRO, 1999); o livro de autoria de Tom Maia, em parceria com o presidente da Academia Sergipana de Letras, José Anderson Nascimento, e com Thereza Regina de Camargo Maia, Sergipe Del Rey (MAIA, NASCIMENTO e MAIA: 1979); e o livro Sergipe e seus monumentos, de José Anderson Nascimento (NASCIMENTO, 1981).
Além destes trabalhos, os registros mais importantes sobre a Engenharia Civil e a Arquitetura em Sergipe estão presentes nos livros de tombo do patrimônio estadual e federal. Todavia, o problema desse tipo de registro é o privilegiamento quase exclusivo da arquitetura religiosa e poucas referências a construções residenciais que, não raro, sempre destoaram do estilo e das técnicas utilizadas pela alvenaria de pedra e pela ornamentação empregada nas igrejas. Uma boa fonte para o estudo da engenharia dos anos seiscentos aos anos oitocentos em Sergipe é viajar pelo Estado para conhecer os exemplares de obras edificadas nesse período que resistiram ao tempo. Ainda é possível verificar tais obras nas sedes das propriedades rurais mais antigas. O edifício é um documento muito importante para o estudo da História da Engenharia.
Sob a perspectiva da Engenharia Civil é inegável a importância da produção açucareira, uma vez que no mesmo espaço das casas dos engenhos, das instalações destinadas ao fabrico do açúcar e das chaminés foram também construídas igrejas e capelas, além do arruamento das casas das senzalas. As construções obedeciam a um padrão de ordenamento urbano que as dispunham em torno de um grande pátio central, como uma grande praça. Apesar desse tipo de construção não haver se transformado diretamente em vilas e cidades, nas proximidades dos engenhos surgiram povoados, vilas e estradas. Segundo Kátia Loureiro,


as casas grandes eram implantadas a meia encosta, voltadas para o engenho (fábrica), o qual ficava disposto num plano mais baixo, no fundo dos vales por onde serpenteavam rios ou riachos que movimentavam rodas d’água, denotando também, no planejamento espacial das benfeitorias, a divisão social e política que ali existia (LOUREIRO, 1999: 13).

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