terça-feira, 3 de agosto de 2010

AS REFORMAS DO ENSINO EM SERGIPE II

Das viagens de estudos, a que ganhou maior repercussão em Sergipe foi a do professor José Augusto da Rocha Lima, técnico em educação da Diretoria de Instrução Pública e catedrático da Escola Normal, onde lecionava História Geral, Pedologia, Psicologia, Pedagogia e Língua Portuguesa. Rocha Lima foi padre e professor do Seminário de Aracaju, onde lecionou Francês, Latim, Português, História, Geografia, Exegese Bíblica e Teologia Dogmática. Fundou a Academia Santo Tomás de Aquino, que reunia intelectuais católicos e foi membro da Academia Sergipana de Letras. Diplomou-se em direito e abandonou a vida sacerdotal. No Atheneu Sergipense, Rocha Lima foi diretor e professor de Latim e Literatura, além de ter sido o primeiro presidente da Academia Sergipana de Letras e de haver presidido o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.
Embora sem a repercussão que teve à época a viagem do professor Rocha Lima, uma outra viagem de estudos importante para a reforma do ensino em Sergipe foi a realizada à mesma época pela professora Penélope Magalhães. Presbiteriana, Penélope, ainda criança, freqüentara a Escola Americana de Laranjeiras , de onde saiu em 1898 para estudar na Califórnia, como bolsista da sua igreja. Estudou nos Estados Unidos da América durante doze anos, concluindo os cursos pedagógico e de teologia. Regressou ao Brasil em 1910, para trabalhar como professora do Instituto Ponte Nova, no município baiano de Wagner, localizado na Chapada Diamantina. Ainda na década de 1910 regressou a Sergipe, onde se transformou em catedrática de Inglês na Escola Normal de Aracaju. A professora Penélope foi designada pelo interventor


Augusto Maynard Gomes para ir a São Paulo e ao Rio de Janeiro verificar a legislação e currículos que se adequariam ao projeto do Jardim [de Infância Augusto Maynard], de acordo com os padrões técnicos do Ministério da Educação, sendo ela a fundadora e primeira diretora do Jardim .


Segundo Vilas-Bôas,


no início dos anos 30, em Sergipe, o Jardim de Infância Augusto Maynard Gomes foi o primeiro estabelecimento educacional a ser construído em Aracaju seguindo o modelo de educação infantil mais moderno da época.e implantando o método de alfabetização mais atual que existia .


A obra do Jardim incorporou as prescrições teóricas da Escola Nova que circulavam em São Paulo. O edifício foi construído, dispondo as salas em módulos nos quais eram realizadas as atividades de recreação, teatro, dança, desenho e música. Para as festas, foi construído um auditório em forma de concha acústica. Todos os blocos do prédio eram cercados de áreas de terra nas quais as crianças cultivavam as próprias plantas. No jardim, funcionavam gabinetes médico e dentário, além de uma enfermaria.
Manuel Franco Freire era ainda um jovem professor em 1927, quando assumiu o cargo de diretor da instrução pública. Entusiasmado com as novas idéias pedagógicas que vinham se irradiando a partir de São Paulo, procurou promover uma reforma na Escola Normal, equipando-a com laboratórios de Física, Química e História Natural importados da Alemanha. Permaneceu no cargo até o final do ano de 1930, quando Getúlio Vargas nomeou interventores para todos os Estados. Na década de 1930, da mesma maneira que José Augusto da Rocha Lima e Penélope Magalhães foi designado pelo governo para fazer uma viagem de estudos e observar os resultados da reforma do ensino no Estado de São Paulo e no Distrito Federal.
Vale a pena acrescer a esta lista o nome do professor Abdias Bezerra. Ele viajou a São Paulo no ano de 1923, onde estudou as reformas do ensino que vinham sendo implementadas naquele Estado. Ao regressar, comandou a reforma do ensino sintetizada no Regulamento da Instrução Pública editado em 11 de março de 1924 por Maurício Gracho Cardoso, então presidente do Estado. O novo regulamento alterou profundamente os programas para os cursos primário, elementar e superior vigentes em Sergipe.
Abdias Bezerra nasceu no dia sete de setembro de 1880 na então Vila de Siriri. Era filho do professor João Amâncio Bezerra e da sua mulher, Hermínia Rosa Bezerra. Antes de iniciar os seus estudos secundários no Ateneu Sergipense, fora aluno das escolas de Siriri, Itabaiana e Japaratuba. Em março de 1900, matriculou-se na Escola Militar do Realengo, onde fez o curso secundário e o primeiro ano do ensino superior, sendo expulso em 1904, depois de ter participado da revolta do mês de novembro daquele ano. Regressou a Sergipe e iniciou a sua carreira de docente, lecionando em escolas privadas. Em maio de 1909 foi aprovado em concurso público para a cadeira de francês do Ateneu. Em 1911, transferiu-se para as cadeiras de aritmética e álgebra, do curso ginasial. Em seguida passou a ensinar português, até o ano de 1915, quando assumiu as cadeiras de geometria e trigonometria. Um ano depois, em junho de 1916, voltou outra vez para as cadeiras de geometria e trigonometria. Era um caso raro de professor capaz de lecionar em várias áreas.
Em novembro de 1922, Abdias Bezerra assumiu o cargo de diretor do Ateneu Sergipense. Em abril de 1923 foi dirigir o curso comercial Conselheiro Orlando e em maio do mesmo ano passou a exercer o cargo de diretor da instrução pública do Estado. O professor Abdias Bezerra morreu no dia 14 de junho de 1944.

Nenhum comentário:

Postar um comentário