domingo, 1 de agosto de 2010

PARA ESTUDAR A HISTÓRIA DA ODONTOLOGIA EM SERGIPE

A ODONTOLOGIA


Desde o século XVI a Odontologia era praticada no Brasil pelos barbeiros sangradores. Antes da descoberta da anestesia o procedimento odontológico mais usual era o da extração dentária. A partir de 1728 o francês Fauchard, considerado o Pai da Odontologia, mesmo sem um maior desenvolvimento dos anestésicos, revolucionou as práticas odontológicas, através da criação de novas técnicas e instrumentos especialmente concebidos para o trato com os dentes. Antes de encerrar-se o século XVIII, o ofício foi regulamentado pelo Estado português, em 1782. O século XIX se iniciou com um processo de intensificação da restauração dos dentes com o emprego do chumbo quente e com o uso cada vez maior das próteses esculpidas em marfim. É neste século que a palavra dentista se generaliza como sendo a adequada para denominar os profissionais que exerciam essas práticas.
No século XIX os cirurgiões-dentistas que atuaram em Sergipe foram formados pelas Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, ou em escolas de outros países. Em 1875 trabalhava na Província o cirurgião-dentista Josino Correia Cotias, que também era médico e farmacêutico.
A atividade dos profissionais da arte dentária em Sergipe ganhou uma regulamentação mais rigorosa em 1892, depois da entrada em vigor do Regulamento Sanitário do Estado.
Já sob o regime republicano, após a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública, quando da implantação em Sergipe do Serviço de Saneamento e Profilaxia Rural, em 1923, o diretor deste novo órgão determinou que todos os dentistas, médicos e farmacêuticos registrassem os seus diplomas na repartição.
A preocupação com o caráter científico da atividade odontológica é posta com muita clareza pelo Código Sanitário do Estado de Sergipe aprovado em 1926, ao atribuir à Diretoria Geral do Serviço Sanitário a competência de fiscalização da medicina em qualquer dos seus ramos (farmácia, obstetrícia e arte dentária). Foi criado, novamente, o Conselho Sanitário Central, tendo como integrantes o diretor geral do Serviço Sanitário, os delegados sanitários dos municípios, o Intendente Municipal de Aracaju, o professor de higiene da Escola de Farmácia e Odontologia Aníbal Freire, os diretores do Instituto Parreira Horta e Arthur Bernardes, do Hospital de Cirurgia e os médicos do Batalhão da Força Federal e da Polícia Militar do Estado.
As preocupações com a atividade científica no campo da Odontologia faziam com que nas primeiras décadas do século XX houvesse uma verdadeira cruzada de combate ao charlatanismo nessa área. Para alterar esse quadro, o presidente Maurício Graccho Cardoso criou, em dezembro de 1925, a Faculdade de Odontologia e Farmácia de Sergipe Aníbal Freire. O Regulamento da instituição foi aprovado em fevereiro de 1926 e no mês de abril foram iniciadas as aulas. A matrícula inicial nos dois cursos era de 22 alunos. Segundo o presidente de Sergipe, no discurso que proferiu durante a aula inaugural, era necessário livrar o Estado dos práticos de Farmácia e Odontologia existentes, fazendo com que todos os que exercem essas atividades tivessem oportunidade de incorporar os saberes da Química, da Fisiologia, da Patologia Geral e da Higiene (SANTANA, Antonio Samarone de. As febres do Aracaju: dos miasmas aos micróbios. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe,1997. [Dissertação de Mestrado]. p. 190).
Dirigida por Augusto Leite, a Faculdade tinha nos seu corpo docente os seguintes profissionais: Josaphat Brandão, Oscar Nascimento, Archimedes Guimarães, Antônio Tavares de Bragança, Ranulfo Prata, Lauro Hora, Américo de Miranda Ludolf e João Firpo Filho.
A Faculdade deveria utilizar para o seu funcionamento a estrutura já existente no Instituto Parreira Horta, no Instituto de Química Arthur Bernardes e no Hospital de Cirurgia. Porém, a instituição funcionou apenas durante o ano de 1926, encerrando suas atividades em novembro daquele mesmo ano.
O debate sobre o ensino de Odontologia em Sergipe foi retomado em 1957, com a fundação de uma sociedade civil que se propunha a manter a Faculdade de Odontologia de Sergipe. O odontólogo Arício Guimarães Fortes liderava o movimento que reunia 28 outros profissionais e assumiu a presidência da associação, tendo como companheiros de diretoria Francisco Moreira Souza, Jurandyr Cavalcante, João Santana, João Simões dos Reis e Lélio Fortes. As dificuldades de relacionamento entre o presidente da associação e o então governador de Sergipe, Leandro Maciel, dificultaram o êxito do empreendimento. Arício Fortes renunciou e a odontóloga Maria Linhares Nou assumiu a presidência. Contudo, a forte presença de Arício Fortes no movimento fez com que os governos da UDN dificultassem o empreendimento. Assim, somente em 1970, depois de instalada a Universidade Federal de Sergipe, a sociedade foi incorporada pela instituição, criando-se o curso de Odontologia da UFS.

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