quinta-feira, 7 de abril de 2011

A PESQUISA AGRONÔMICA

A implantação da estrutura federal de escolas agrícolas de nível primário e de nível médio e as suas conseqüentes definições curriculares no Brasil, durante as primeiras décadas do século XX, eram parte de um projeto de difusão por todo o país “de uma certa matriz de pensamento acerca dos problemas da agricultura e do papel do agrônomo junto a ela” (Cf. MENDONÇA, Sônia Regina. O ruralismo brasileiro. São Paulo, Hucitec, 1997. p.7). Formar um corpo de técnicos habilitados para coadjuvar os engenheiros agrônomos era importante à consolidação desse campo profissional e como estratégia de difusão do caráter científico da política agrícola brasileira. Por isto, o estabelecimento de tal política definiu também a criação da Diretoria do Ensino Agronômico do Ministério da Agricultura, responsável pelo seu gerenciamento. Um ano depois, esse organismo foi transformado em Diretoria do Ensino Agrícola. Finalmente, em 1938, criou-se no Ministério da Agricultura a Superintendência do Ensino Agrícola.
Este era o caminho que os intelectuais da agricultura entendiam como sendo aquele que viabilizava o rompimento do paradigma de homem culto que na opinião destes predominara sob o Império e do qual pretendiam a libertação, abrindo um importante espaço ao saber técnico. Por isto, todo o discurso do período que caracteriza o ensino agrícola em Sergipe é marcado pela defesa do ensino prático a fim de formar cultivadores capazes de fazer a exploração racional das propriedades rurais.
Neste projeto, a Superintendência do Ensino Agrícola e Veterinário – SEAV era responsável pela orientação e fiscalização do ensino agrícola e veterinário nos seus diferentes graus; pela fiscalização do exercício das profissões agronômica e veterinária; pelo registro dos diplomas; pela manutenção do ensino médio e elementar de agricultura; pela promoção da educação direta das populações rurais; e, pela realização de estudos e pesquisas educacionais aplicados à agricultura. O Aprendizado Agrícola Benjamin Constant, portanto, como os demais, estava diretamente subordinado a essa Superintendência. O Ministério da Agricultura era a estrutura que exercia a validação e o reconhecimento do caráter profissional dos indivíduos formados por essas instituições de ensino.
Essa estratégia de legitimação profissional dos agrônomos incluía também a implantação de uma rede de instituições de pesquisa em todo o país. Sob tal contexto, o Estado de Sergipe ganhou, em 1934, o Campo de Sementes de Aracaju, instalado pelo Ministério da Agricultura à margem esquerda do rio Poxim, a menos de 300 metros da confluência deste com o rio Sergipe e então a seis quilômetros da cidade de Aracaju. A principal cultura do campo de Aracaju era a do coqueiro. Em 1939, informa um relatório do então ministro da agricultura, Fernando Costa, existiam 1.800 plantas com quatro anos de idade e 400 com dois anos. O número de cocos em sementeiras para a produção de mudas, destinadas à venda, excedia a quatro dezenas de milhar. O campo conduzia trabalhos de pesquisas e experimentos relativos ao coqueiro, tais como métodos de semeadura, escolha de sementes, estudo da planta produtora da semente, germinação, trato e porte das mudas para plantio, formação de coqueiral, moléstias e pragas, estudo de variedades e produção de sementes puras. Além disso, no campo foram plantadas sementes de coqueiro anão, cujos frutos das primeiras árvores já estavam sendo colhidos. O entusiasmo com essa variedade era grande. Propagava-se a vantagem sobre o coqueiro comum: precocidade na produção. Para aperfeiçoa-la, o campo levava a efeito ensaios relativos à fecundação artificial dessas duas variedades com sinais indicativos de bom êxito.
Até o final da década de 60 o Campo de Sementes de Aracaju permaneceu sob controle do Ministério da Agricultura. Na década de 70 passou ao domínio do governo municipal e foi transformado, pelo prefeito Heráclito Rollemberg, em Parque Governador Augusto Franco, o Parque da Sementeira.
O desenvolvimento da estrutura de pesquisa agronômica e de Defesa Sanitária montada no Brasil pelo Ministério da Agricultura durante as primeiras décadas do século XX foi possível em função da colaboração do Instituto Osvaldo Cruz e do Instituto Biológico de São Paulo, além da participação de centros de pesquisas estaduais como os Institutos de Química Industrial e Parreiras Horta, organizados em Sergipe ainda na década de 20, acompanhando o desenvolvimento da Química. O controle fitossanitário foi estendido aos portos terrestres, aéreos e marítimos, com a instalação de postos de defesa.

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