segunda-feira, 12 de outubro de 2009

NOTAS PARA UM ESTUDO SOBRE A IMIGRAÇÃO ALEMÃ EM SERGIPE V

A FAMÍLIA HAGENBECK


O agrônomo, especialista em culturas tropicais, Paul Hagenbeck tinha vinte e três anos de idade quando chegou ao Brasil, em 1911. O seu interesse pelo Estado de Sergipe ocorreu através de uma tia sua que morava em Laranjeiras e mantinha boas relações de amizade com Otto Jungklausen. Paul vislumbrara a oportunidade de ganhar dinheiro explorando o seu conhecimento a respeito das plantações nos trópicos e logo após a sua chegada começou a arrendar terras, plantando algodão e cana de açúcar. Ao final da I Guerra, em associação com dois outros teutos que viviam em Laranjeiras, Alfredo e Waldemar Suadicanis, iniciou a exploração da Fazenda Varzinhas, ainda hoje propriedade dos seus descendentes.
Casou, em 1923, com Juliana Elisabete Roddewig, também alemã, que conhecera na residência da família Munck, alemães que também residiam em Laranjeiras. Aliás, é recorrente entre as primeiras gerações de alemães que viveram em Sergipe o hábito de casar com compatriotas, talvez como estratégia de preservação dos seus padrões culturais. A única exceção encontrada até agora nos registros consultados diz respeito a Oscar Backhaus, que casou com uma negra sergipana (RODDEWIG, 2001).
Nas relações dos alemães com a comunidade local, uma outra característica era a de assumir um nome mais facilmente pronunciável pelos sergipanos. Assim, um dos filhos de Paul Hagenbeck, Hans Otto, era conhecido pela comunidade laranjeirense como João da Varzinhas. A sua mãe, Juliana Elisabete Roddewig, era conhecida em Laranjeiras como Else e viera para o Brasil em 1913, a fim de trabalhar como preceptora dos filhos de uma família da cidade paulista de Piracicaba. Dispensada da função em 1914, após o início da I Guerra, veio para Laranjeiras contratada como preceptora dos filhos da família Munck.Paul Hagenbeck adquiriu as cotas de Alfred Suadicanis na Varzinhas, em 1936. Ali viveu com Else e criou os quatro filhos, preservando hábitos culturais da sua terra, mantendo uma biblioteca com mais de mil livros em alemão, plantando batata, produzindo conservas, manteiga, pão e queijo, além de defumar os derivados da carne de porco. A família convivia com a comunidade alemã existente em Sergipe, como o representante da companhia aérea Condor, engenheiros que trabalhavam nas usinas de açúcar existentes no Estado, operários especializados e comerciantes (RODDEWIG, 2001).

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