sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A REMUNERAÇÃO, OS CONCURSOS E ALGUNS PROFESSORES E PROFESSORAS: ASPECTOS DA PROFISSÃO DOCENTE NA HISTÓRIA DE ARACAJU - V

Segundo Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas,


aparecem nessa Mensagem Presidencial aspectos do trabalho feminino socialmente construídos. Em primeiro lugar, o salário da professora, apesar de ser considerado exíguo e garantir economia para o Estado, não seria satisfatório para o professor. Nesse caso, o trabalho feminino é mal remunerado, sendo que o salário da professora provavelmente poderia ser complementado pela renda do pai ou do marido (FREITAS, 2003a, 154).


José Rodrigues da Costa Dória foi um dos poucos governantes de Sergipe a assumir explicitamente a necessidade de masculinização do magistério primário. Entendia que as mulheres deveriam continuar se dedicando às crianças menores e que os homens possuíam qualidades superiores para educar os meninos mais velhos:


A limitação constitucional das cadeiras do ensino primário às normalistas formadas pela Escola Normal, não resolveu a questão da habilitação, pois de modo algum esse titulo tem sido uma garantia de competência, como já tive ocasião de dizer. Com essa limitação concorreu a faculdade conferida pelo Regulamento ao Presidente do Estado, de poder escolher para as cadeiras do sexo masculino professoras, sem a preferência dos professores, para afastar os homens do ensino, convindo rechamá-los, pois, se para lidar com as crianças em idade escolar mais baixa as mulheres são incontestavelmente superiores aos homens; não acontece assim quando se trata de meninos da idade máxima do regulamento, exigindo disciplina mais enérgica e menos condescendência (DÓRIA, 1911, 50).

De acordo com o plano do presidente Rodrigues Dória, “à mulher caberia a instrução de classes mistas com crianças de até 8 anos. Alguns anos mais tarde a faixa etária foi ampliada para 10 anos” (FREITAS, 2003a, 160). Ele via nas mulheres qualidades específicas para o trabalho com crianças pequenas, provavelmente vinculadas à perspectiva da maternidade. Insistia, contudo, quanto à necessidade de professores do sexo masculino como garantia de maior disciplina e rigor. Entretanto, os baixos salários pagos às professoras primárias não atraíram os homens e a profissão se tornou cada vez mais feminina.

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