sexta-feira, 4 de setembro de 2009

ATO FINAL: A DITADURA VENCIDA II

O Comitê Pró-Diretas de Sergipe era coordenado pelo deputado federal Jackson Barreto e organizou uma agenda de atos no Estado, conseguindo o apoio de amplos setores, como o Partido dos Trabalhadores e incorporando a participação ativa de jovens lideranças como Marcelo Deda Chagas. Várias lideranças do PDS aderiram à campanhas pelas eleições diretas ara Presidente da República. O então governador João Alves Filho não aderiu ao Comitê, mas recebeu em audiência a sua Comissão Executiva e assegurou que a polícia não reprimiria qualquer passeata ou manifestação pelas eleições diretas para Presidente da República.


"João Alves disse que não poderia se integrar ao movimento devido a decisão tomada pelo PDS, contrário às eleições diretas, no entanto, como cidadão, mantinha-se favorável às eleições diretas.
João Alves comprometeu-se a hospedar no Olímpio Campos qualquer governador do País que venha a Sergipe, inclusive os da oposição, para participar de algum ato em favor das diretas"[1].


Foram muitos os atos públicos realizados em 1984. O primeiro deles foi uma passeata realizada no domingo, 15 de janeiro, que se encerrou na praia de Atalaia. O ato foi liderado pelo deputado federal Jackson Barreto e pelo vereador Rosalvo Alexandre. Pouco depois, o lançamento oficial do Comitê Pró-Diretas, no plenário da Assembléia Legislativa, no dia 21 de janeiro, reuniu cerca de 500 pessoas e contou com a animação do ator Lima Duarte, da Rede Globo de Televisão, que à época fazia grande sucesso com o filme Sargento Getúlio, do qual era a principal estrela. O ator lembrou que os principais artistas brasileiros estavam engajados na campanha em defesa das eleições diretas. O ato contou com a participação de representantes de todos os partidos oposicionistas e de 20 entidades corporativas, como a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Sergipe, Luiz Simões de Farias; do Sindicato dos Bancários do Estado de Sergipe, Abrahão Crispim; do Diretório Central dos Estudantes, Luciene Cruz; da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe, José Costa; do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe, Nestor Amazonas; e, do Sindicato dos Médicos de Sergipe, Antonio Samarone de Santana. Alguns desses atos foram marcantes, como o comício que aconteceu no município de Própria, no início do mês de fevereiro de 1984, organizado pelo bispo local, Dom José Brandão de Castro, pelo padre da paróquia de Japaratuba, Gerard Olivier, pelo deputado estadual Nelson Araujo, pelo deputado federal Jackson Barreto, pelo prefeito de Própria, Luiz Medeiros Chaves, pelo prefeito de Cedro de São João, Luiz Delfino, pelo vereador de Aracaju, Nathanael Braia, e pelo advogado Evaldo Campos.


"A campanha das Diretas-Já, o maior movimento popular da história do Brasil, conquistava a cada dia o apoio da população. A cidadania dava demonstração de que era preciso urgentemente redemocratizar o país, com a volta das eleições diretas para todos os níveis de governo, principalmente para Presidente da República"[2].


[1] Cf. “Polícia não reprimirá atos pelas diretas, promete João”. In Jornal de Sergipe, Ano VI, nº 1.638, 18 de janeiro de 1984. p. 3.
[2] Cf. NABUCO, Pascoal. Tributo à cidadania: minha opção de servir à sociedade. Aracaju: J. Andrade, 2006. p. 99.

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