quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O PRETÉRITO DO FUTURO: A ESCOLA E O RETROVISOR DAS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS III

A Educação à distância


Tecnologia Educacional relevante, a Educação à Distância é uma ferramenta utilizada amplamente desde o século XVIII, em face da regularização dos serviços postais. Faltam 19 anos para a Educação à Distância completar 300 anos de funcionamento. O seu primeiro marco foi um anúncio publicado pelo jornal Gazeta de Boston, no dia 20 de março de 1728 pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips:


Toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston.


No início do século XIX, em 1833, um anúncio na imprensa sueca oferecia os serviços educativos por via postal para um curso de contabilidade. Na Inglaterra, os registros remetem para o ano de 1840, quando o taquígrafo Isaac Pitman organizou um curso que era ministrado por intermédio de cartões postais enviados pelo correio e criou a Phonografic Corresponding Society.
A primeira instituição escolar que se estabeleceu especificamente para oferecer Educação à Distância foi dedicada ao ensino de línguas e começou a funcionar no ano de 1856, em Berlim. A segunda escola do gênero, a Society to Encourage Study at Home foi criada em Boston, no ano de 1873, por Anna Eliot Ticknor. O International Correspondence Institute, fundado por Thomas Foster, começou a funcionar na Pensilvânia em 1891, oferecendo dois cursos: Segurança do Trabalho e Mineração.
As instituições universitárias oferecem Educação à Distância a, pelo menos, 208 anos. Em 1891, a Universidade de Wisconsin ofereceu pela primeira vez alguns cursos por correspondência. Em 1892 foi a vez do reitor da Universidade de Chicago, William Harper criar institucionalmente a Divisão de Ensino por Correspondência do Departamento de Extensão. Evangélico, Harper conhecia o bem sucedido uso do ensino por correspondência feito pela Escola Dominical da sua Igreja. De fato, Harper era entusiasta da modalidade desde o ano de 1886, quando fez uma afirmação que ganhou fama e que parece recém saída dos discursos das autoridades educacionais brasileiras do início do século XXI:


Chegará o dia em que o volume da instrução recebida por correspondência será maior do que o transmitido nas aulas de nossas academias e escolas; em que o número dos estudantes por correspondência ultrapassará o dos presenciais.


Na Universidade de Oxford, em 1895, começaram a funcionar duas turmas de estudantes à distância para o Certificated Teacher’s Examination. O Instituto Hermond, da Suécia, começou a funcionar em 1908.
Após o final da I Guerra Mundial o debate sobre as políticas sociais, principalmente as demandas educacionais, foi importante ponto de pauta. Cada vez mais o ensino à distância foi apresentado como alternativa capaz de solucionar esse tipo de necessidade social. Era um período de grande desenvolvimento no campo da comunicação, em face das aplicações que foram possibilitadas pelo conflito bélico. O entusiasmo era, principalmente, com o rádio. A nova ferramenta fez sucesso em todo o planeta como tecnologia educacional, principalmente na América Latina, onde o recurso foi amplamente utilizado em programas de Educação à distância no Brasil, na Colômbia, no México e na Venezuela.
Em 1922, a União Soviética animada pelas transformações que se seguiram à revolução socialista de 1917, sob a liderança de Lenin e de Nadedja Krupskaya, organizou um sistema de ensino por correspondência que dois anos depois, em 1924, já atendia 350 mil estudantes. A modalidade ganhou tanta força na União Soviética que o ex-primeiro ministro soviético, Mikhail Gorbachev concluiu o seu curso de graduação em Economia Agrícola à distância pelo Instituto Agrícola de Stavropol, no ano de 1967.
Um ano após o início da II Guerra Mundial, em 1939, a França criou um serviço de ensino postal para atender os estudantes obrigados pelo conflito a abandonar a escola regular.
A importância que a modalidade ganhou no século XX foi tamanha que, em 1962, os ingleses criaram a Universidade Aberta, atendendo as suas necessidades nacionais e auxiliando outros países com a prestação de serviços de consultoria na área, colaborando com as nações que necessitavam incorporar tecnologia para uma Educação à Distância de boa qualidade. A partir de tal projeto, o modelo da Universidade Aberta foi incorporado por muitos outros Estados nacionais: em 1974 o Paquistão colocou em funcionamento a Universidade Aberta Allma Iqbal, destinada à formação de professores; em 1980 o Sri Lanka começou a formar docentes e tecnólogos com a sua Universidade Aberta; no mesmo ano, a Universidade Aberta Sukhothiai Thommathirat, da Tailândia, tinha 400 mil estudantes matriculados; a Universidade de Terbuka, na Indonésia estabeleceu como meta, em 1984, o atendimento de cinco milhões de alunos até o final do século XX; a Índia criou a Universidade Nacional Aberta Indira Gandhi, em 1985; a Austrália, apesar de não haver criado formalmente uma Universidade Aberta, mantém cinco instituições universitárias nas quais a matrícula remota é superior à presencial.
Dos países latino-americanos, o Brasil foi um dos que mais resistiu a admitir o ensino superior à distância. No México, a Universidade Autônoma oferece EAD desde 1972; a Costa Rica inaugurou a Universidade Estatal à Distância em 1977; no mesmo ano entrou em funcionamento a Universidade Nacional Aberta da Venezuela; a Universidade Estatal Aberta da Colômbia é de 1983. A partir da década de 70 do século XX a EAD incorporou intensivamente o uso do videocassete como instrumento essencial ao ensino. A ele se seguiram as aulas transmitidas pela televisão, o videotexto e, finalmente, o computador. Por último chegou a tecnologia dos multimeios, combinando texto, som e imagem.

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