sábado, 3 de julho de 2010

ENGENHARIA E HISTÓRIA EM SERGIPE - XI

Rubens Chaves aponta como eventos importantes para o desenvolvimento urbano de Aracaju a edificação da Fábrica de Tecidos Confiança, em 1907, da Fábrica de Sabão Aurora, do Teatro Carlos Gomes (depois Cine Rio Branco), da Catedral Metropolitana, do novo Palácio do Governo e da Assembléia Legislativa. Além dessas obras, destaca também a implantação da rede de distribuição de água encanada e do serviço de tratamento da água encanada, a criação da Companhia de Saneamento de Sergipe, o calçamento a paralelepípedo das ruas centrais e a iluminação das ruas centrais com energia elétrica, a partir de 1913. (CHAVES, 2004: 78).
A Escola Normal ganhou seu prédio próprio em 1911, durante a gestão do presidente Rodrigues Dória, na então praça Mendes de Morais, atual Olímpio Campos, instalando também o Grupo Escolar Modelo, o primeiro do Estado, seguido do Grupo Escolar General Siqueira, construído em 1914, na rua de Itabaiana, depois transformado em Quartel da Polícia Militar.
Nesse segundo período algumas providências urbanas deram uma contribuição importante para definir os padrões de crescimento de Aracaju. O poder público fixou o piso da Catedral como referência para o nível oficial das soleiras da cidade. Foi construído o cais do Porto de Aracaju, à rua da Frente, entre as ruas São Cristóvão e Laranjeiras. Esta obra, importante para a proteção dos aterros e definição do limite urbano de Aracaju à margem do Rio Sergipe, foi executada pelo construtor italiano Frederico Gentile . Na década de 20 a cidade ganharia o seu primeiro estádio de futebol. Em 1919 o empresário Adolpho Rollemberg doou um terreno à rua Vila Nova, atual Duque de Caxias, no cruzamento com a rua Vila Cristina, destinado a construção do primeiro estádio de futebol da cidade.
Inaugurado em 1926, o Mercado Modelo Antônio Franco, o mercado velho, foi uma obra que causou grande impacto ao espaço urbano de Aracaju. Implantado nas vizinhanças da antiga Estação Ferroviária, em estilo que remetia ao dos cafés parisienses, ocupava todo um quarteirão e substituía a antiga feira de Aracaju, à rua da Frente, no cruzamento com a rua Laranjeiras. Ali foram instaladas lojas comerciais que vendiam tecidos, produtos de armarinhos, sapatarias, confecções, produtos farmacêuticos, ferragens, couros, carne, produtos de alumínio, cereais, frutas e verduras.
A decisão de construir o Hospital de Cirurgia foi anunciada pelo presidente do Estado de Sergipe, Maurício Graccho Cardoso, durante um banquete em homenagem ao médico Paulo Parreira Horta, quando o médico Augusto Leite reclamou a inexistência em Aracaju de um hospital o qual fosse possível exercer a prática cirúrgica com segurança. Em setembro de 1923, o presidente desapropriou uma área de 8.360 metros quadrados na avenida Barão de Maruim, para a construção. As obras foram iniciadas no mês de novembro do mesmo ano. O projeto foi elaborado por Arthur Araújo, enquanto as obras foram executadas pelo arquiteto e construtor Hugo Bozzi. O Estado investiu na obra 375 contos, o que a coloca como a quarta obra mais cara da década de 20, superada apenas pela Penitenciária Modelo, pela ampliação dos serviços de água e esgoto e pela construção do Centro Agrícola Epitácio Pessoa. A obra do Hospital foi inaugurada em maio de 1926.
O Hospital de Cirurgia era um edifício de três pavilhões e fachada de 106 metros, visto pelo médico Augusto Leite como expressão do grau de civilização da cultura sergipana (SANTANA, 1997: 187). Quando começou a funcionar a instituição dispunha de 70 leitos, ambulatórios, farmácia, salas de curativos, laboratório clínico, serviço de radiologia com sala de raios X, instrumental cirúrgico, câmara escura e um centro cirúrgico composto por duas salas de cirurgia e uma sala de esterilização. Cada enfermaria contava com, no máximo, dezoito leitos. Os apartamentos eram de um ou de dois leitos. A área construída era de 1.800 metros quadrados.
Maurício Graccho Cardoso construiu também o prédio da avenida Ivo do Prado, 398, destinado ao Atheneu Pedro II.
Ainda durante esse chamado segundo período, a cidade de Aracaju começou a expandir a sua área territorial, ocupando espaços de municípios vizinhos. Ao sul, começaram a ocorrer algumas construções no povoado Barreta, atual bairro de Atalaia, então território do município de São Cristóvão. Na primeira metade da década de 20, o presidente do Estado, Maurício Graccho Cardoso, integrou o povoado Barreta ao território do município de Aracaju, permutando com São Cristóvão aquela área de terra por equipamentos destinados à geração de energia elétrica na velha capital de Sergipe (CHAVES, 2004: 80). O bairro Atalaia surgia, então, como povoado destinado ao veraneio das famílias mais abastadas de Aracaju. Nos anos seguintes seria construída a primeira ponte sobre o rio Poxim e o prefeito Godofredo Diniz, em 1935, iniciaria a urbanização do bairro, com a implantação, em 1935, de um pequeno cassino na praça do bairro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário