quinta-feira, 15 de julho de 2010

REFLEXÕES ACERCA DE UMA POSSÍVEL HISTÓRIA DOS FARMACÊUTICOS EM SERGIPE

No século XIX os farmacêuticos que atuaram em Sergipe foram formados pelas Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, ou em escolas de outros países. O Livro de Registro da Provedoria de Saúde Pública da Província registra, no ano de 1860, a atuação de sete farmacêuticos em Sergipe: Herculano Gomes de Souza, Geraldo José Victor Bahiense, José Theodoro da Silva, Pedro Severiano Dantas, Marcelino José Jorge, Prudêncio Constâncio da Cunha e José da Motta Rebello (SANTANA, 1997: 83). Em 1875 trabalhava na Província, dentre outros, o farmacêutico Josino Correia Cotias, que também era médico e cirurgião-dentista.
Não obstante o grande número de farmacêuticos diplomados atuando em Sergipe, até o final do século XIX a atividade era exercida por muitas pessoas sem formação, os práticos.
A atividade dos profissionais de farmácia em Sergipe ganhou uma regulamentação mais rigorosa em 1892, depois da entrada em vigor do Regulamento Sanitário do Estado. Em janeiro de 1898 foi criada uma comissão com o objetivo de regulamentar o exercício profissional, integrada pelos farmacêuticos João Martins Pena e Guilhermino Amâncio Bezerra, além do Inspetor de Higiene, Daniel Campos. O reconhecimento da importância dos profissionais do setor fez com que em 1905, quando o governo estadual criou o Conselho Geral Sanitário, a sua composição incluísse um farmacêutico de livre nomeação do presidente do Estado. A composição do novo órgão era a seguinte: o Inspetor de Higiene, o Médico de Saúde do Porto, o Intendente da Capital e três representantes da sociedade (um médico, um bacharel e um farmacêutico).
O mesmo regulamento que definiu o Conselho Geral Sanitário, concedia ao Inspetor de Higiene a prerrogativa de autorizar a produção e comercialização de novos medicamentos.
Já sob o regime republicano, após a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública, quando da implantação em Sergipe do Serviço de Saneamento e Profilaxia Rural, em 1923, o diretor deste novo órgão determinou que todos os farmacêuticos, médicos e dentistas registrassem os seus diplomas na repartição.


No jornal ‘O Estado de Sergipe’ de 11 de março de 1909, encontramos um edital da Inspetoria autorizando o Dr. Pedro Garcia Moreno, farmacêutico de Laranjeiras, a comercializar o elixir de caroba e nogueira, o elixir anti-diabético e o vinho intertropical, medicamentos de sua invenção e fabricação ( SANTANA, 1997: 101).


A preocupação com o caráter científico da atividade farmacêutica é posta com muita clareza pelo Código Sanitário do Estado de Sergipe aprovado em 1926, ao atribuir à Diretoria Geral do Serviço Sanitário a competência de exercer a polícia sanitária das farmácias e drogarias, bem como sobre a fabricação de soros, vacinas, culturas atenuadas e produtos congêneres, além da fiscalização da medicina em qualquer dos seus ramos (farmácia, obstetrícia e arte dentária). Foi criado, novamente, o Conselho Sanitário Central, tendo como integrantes o diretor geral do Serviço Sanitário, os delegados sanitários dos municípios, o Intendente Municipal de Aracaju, o professor de higiene da Escola de Farmácia e Odontologia Aníbal Freire, os diretores do Instituto Parreira Horta e Arthur Bernardes, do Hospital de Cirurgia e os médicos do Batalhão da Força Federal e da Polícia Militar do Estado (SANTANA, 1997: 173).
O Instituto Parreira Horta foi fundado em 1923, com o objetivo de pesquisar e produzir insumos básicos para a área de saúde. A pretensão era construir uma instituição voltada ao combate à raiva; um instituto vacinogênico capaz de produzir vacina anti-variólica; e, um laboratório de análises clínicas, bacteriológicas e químicas que também funcionasse como centro de pesquisa médica. O presidente Graccho Cardoso entregou a responsabilidade pela instituição ao médico Paulo de Figueiredo Parreira Horta.Ele cuidou pessoalmente do projeto, da construção e da organização administrativa e científica do Instituto. Cientista de prestígio internacional, ao transferir-se para Sergipe viveu como hóspede oficial do Palácio do Governo. O edifício do Instituto foi erguido em oito meses e inaugurado em maio de 1924 (SANTANA, 1997: 176-178).

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