sexta-feira, 16 de julho de 2010

REFLEXÕES ACERCA DE UMA POSSÍVEL HISTÓRIA DOS FARMACÊUTICOS EM SERGIPE - II

Após a inauguração do Instituto Parreira Horta, em 1924, a instituição esclareceu a etiologia das febres que costumavam ocorrer na cidade de Aracaju, classificando-as como tifóides, isolou os germes e conseguiu fabricar uma vacina oral para evita-las. A vacina era fabricada através do cultivo de amostras de bacilos tíficos e paratíficos “A” e “B” em garrafas contendo agar inclinado. Após 24 horas,


as culturas eram retiradas da superfície do agar e emulsionadas em água fisiológica esterilizada. Fazia-se a contagem dos germes, previamente mortos com iodo, no hematimetro de Thomas-Zeiss. A solução era diluída a 2% numa solução decinormal de iodo. Após esse processo, a vacina resultante era distribuída em ampolas de 5, 10 e 20 Cm3 (SANTANA, 1997: 178). A vacina era aplicada por via oral, com 20 gotas diluídas em água, tomadas em jejum, durante três dias consecutivos (SANTANA, 1997: 178).


O Instituto identificou ainda a incidência de casos de difteria em Sergipe, isolando o bacilo de Löefler em culturas. Contudo, os estudiosos do tema consideram que a maior contribuição do Instituto Parreira Horta foi possibilitar o início do “uso terapêutico da insulina em Sergipe. Com o acesso aos laboratórios do IPH, dosagem correta da glicemia, os médicos tiveram condições de efetuar o tratamento, com segurança e êxito, de vários casos de Diabetes” (SANTANA, 1997: 179). O Regulamento do Instituto especificava como produzir, conservar e aplicar vacinas.
Além de soros e vacinas, o IPH produzia óleo canforado, cafeína, sparteína, iodeto de sódio a 10 por cento, tártaro emético, água bidestilada, cianeto de mercúrio, soro fisiológico e soro glicosado.
As preocupações com a atividade científica no campo da Farmácia faziam com que nas primeiras décadas do século XX houvesse uma verdadeira cruzada de combate ao charlatanismo nessa área. Para alterar esse quadro, o presidente Maurício Graccho Cardoso criou, em dezembro de 1925, a Faculdade de Odontologia e Farmácia de Sergipe Aníbal Freire. O Regulamento da instituição foi aprovado em fevereiro de 1926 e no mesmo de abril foram iniciadas as aulas. A matrícula inicial nos dois cursos era de 22 alunos. Segundo o presidente de Sergipe, no discurso que proferiu durante a aula inaugural, era necessário livrar o Estado dos práticos de Farmácia e Odontologia existentes, fazendo com que todos os que exercem essas atividades tivessem oportunidade de incorporar os saberes da Química, da Fisiologia, da Patologia Geral e da Higiene (SANTANA, 1997: 190).
Dirigida por Augusto Leite, a Faculdade tinha nos seu corpo docente os seguintes profissionais: Josaphat Brandão, Oscar Nascimento, Archimedes Guimarães, Antônio Tavares de Bragança, Ranulfo Prata, Lauro Hora, Américo de Miranda Ludolf e João Firpo Filho.
A Faculdade deveria utilizar para o seu funcionamento a estrutura já existente no Instituto Parreira Horta, no Instituto de Química Arthur Bernardes e no Hospital de Cirurgia. Porém, a instituição funcionou apenas durante o ano de 1926, encerrando suas atividades em novembro daquele mesmo ano.

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