domingo, 4 de julho de 2010

ENGENHARIA E HISTÓRIA EM SERGIPE - XII

Ainda nesse segundo período, durante o governo Pereira Lobo, Aracaju começou a receber a chamada missão italiana, a partir de 1918, integrada por mestres de obras, construtores, engenheiros, arquitetos, escultores e outros artistas italianos que contribuíram bastante para com a mudança de alguns padrões presentes na organização do espaço urbano, como Frederico Gentile, Orestes Gatti, Belando Belandi, Nicola Mandarino, Rafaelle Alfano, MarioNoxette e Thomas Mutti. No mesmo período chegou também um outro grupo, liderado pelo construtor alemão Altenesh. Frederico Gentile foi responsável pela construção de muitas cúpulas existentes em edificações implantadas nesse período, além de praças e alguns casarões que ainda existem em Aracaju, como o de Adolpho Rollemberg, além de haver executado o chamado cais da rua da Frente, com pedras unidas através de argamassa com óleo de baleia. Rafaelle Alfano foi o responsável pela reforma da Penitenciária de Aracaju.
O Estado de Sergipe criou, em 1914, a Repartição de Obras Públicas, com o objetivo de administrar os serviços de abastecimento d’água, o serviço de esgotamento sanitário e drenagem e o serviço de eletricidade. Um ano depois, a Repartição foi transformada em Diretoria de Obras, Agricultura, Indústria e Viação. No mesmo ano, para dar mais autonomia à gestão dos serviços de saneamento, foi criada a Inspetoria de Água, Esgotos e Horto Botânico.
Segundo a análise de Rubens Chaves, o terceiro período do desenvolvimento urbano de Aracaju ter-se-ia iniciado em 1930 e concluído o seu ciclo em 1964. Seriam anos de grande modernização urbana. Período no qual, por determinação do presidente da República, Getúlio Vargas, a rua do Barão recebeu um novo nome: rua João Pessoa. A estimativa, na década de 30, para a população de Aracaju, era de 60 mil habitantes. Em 1950, Aracaju já contava com 70 mil habitantes. Na metade dessa década, a população era de 85 mil pessoas, dos quais 25 mil pessoas residiam no bairro Siqueira Campos. Em 1960, era 112 mil o número de pessoas que moravam na capital do Estado de Sergipe. A tendência de crescimento da cidade era direcionada para o Oeste e para o sul, em direção ao bairro Siqueira Campos e em busca das praias.
Um edifício que chamou a atenção na década de 30 foi o do Jardim de Infância Augusto Maynard. A cidade ganhou outros edifícios importantes, como o da Diretoria Regional dos Correios, à rua Laranjeiras, na década de 40. Durante o governo José Rollemberg Leite (1947-1951) foi construído o novo edifício do Atheneu Sergipense, obra concluída pelo governador Arnaldo Garcez (1951-1955) que fez o Auditório (Teatro Arnaldo Garcez).
Nesse decênio e nos anos 50, também foram importantes a construção da sede do Instituto de Tecnologia e Pesquisas de Sergipe – ITPS, à rua Campo do Brito, e da Associação Atlética de Sergipe, à rua Vila Cristina, ambos projetados pelo arquiteto Germano Valença, formado no Rio de Janeiro. Foi ele o autor do projeto do primeiro edifício comercial privado dotado de elevador: o edifício Mayara. O empreendimento era propriedade do empresário João Hora e teve Gentil Tavares como engenheiro. Empresários empreendedores como Álvaro Sampaio modernizaram a indústria de panificação e implantaram fábricas de cigarros, salame e óleo comestível. Outro importante empresário desse período foi Albino Silva da Fonseca, que implantou negócios referentes a comercialização de gás de cozinha, água mineral, fabricação de macarrão e biscoito, além de criar em Aracaju a primeira emissora privada de rádio do Estado de Sergipe.
Para que a cidade continuasse crescendo, os governos desse período investiram no desmonte de alguns morros que eram vistos como impeditivos da expansão da zona central. A partir de 1955, o governador Leandro Maciel enfrentou o maior deles e desmontou o Morro do Bonfim, aterrando manguezais e pântanos do bairro Industrial e dos seus arredores, principalmente da zona periférica àquele bairro, na qual se implantava o bairro Brasília. Em direção ao Oeste, o mesmo governador começou a desmontar o chamado Morro de Bebé e o Elevado da Tebaida, nas proximidades do Hospital Cirurgia, usando a areia para aterrar os manguezais e pântanos da região do bairro São José – a chamada área do Bariri.
Ainda na segunda metade da década de 50 foi muito importante a construção do Aeroporto Santa Maria e a abertura da avenida Desembargador Maynard, aterrando parte da chamada lagoa da Baixa Fria. Na década de 60, há pelos menos duas marcas importantes: o Hotel Pálace de Aracaju e a Estação Rodoviária Governador Luiz Garcia.

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